Mundo

"Até a prisão é melhor”: o retrato dos hospitais de Gaza que acolhem milhares de pessoas

Os palestinianos que procuram abrigo nos hospitais estão espalhados pelas salas de espera, pelos corredores e até pelos espaços exteriores. São, sobretudo, mulheres, crianças, mas também há bebés. Todos têm dificuldade em encontrar água potável, comida, roupa e muito mais. As imagens que se seguem podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.

Loading...

Há dezenas de milhares de palestinianos a refugiarem-se nos corredores e salas de espera dos hospitais no sul de Gaza, convictos de que são locais seguros. Pelo menos, 1.4 milhões de palestinianos de Gaza estão neste momento deslocados.

Praticamente todos tiveram de fugir do norte de Gaza com as famílias e perceberam que o sul também está a ser atacado, ainda que com menor frequência. Por esse motivo, decidiram refugiar-se num hospital. Sanna é uma das milhares de mulheres que aqui ficou e descreve como têm sido as noites:

“Juro por Deus que estou a dormir junto ao muro, as pessoas e os feridos passam ao nosso lado, até as rodas das macas me batem nos pés enquanto durmo, acordei, pelo menos, 10 vezes durante a noite por causa dos rockets, não conseguimos dormir, não há descanso, nem sequer podemos lavar a roupa, não sabemos para onde ir, a casa de banho está fechada”, lamenta.

“A vida é demasiado frustrante"

Os palestinianos que procuram abrigo nos hospitais estão espalhados pelas salas de espera, pelos corredores e até pelos espaços exteriores. São, sobretudo, mulheres, crianças, mas também há bebés. Todos têm dificuldade em encontrar água potável, comida, roupa e muito mais.

“A vida é demasiado frustrante, aqui estão as crianças, querem comer e beber, precisam de pão e também de dinheiro, queriam roupa para vestir, não há nada, é a morte, esta morte não é pelos rockets, é uma morte lenta, as crianças estão a morrer lentamente, estão isoladas do mundo, é como uma prisão, até a prisão é melhor”, diz Sanna.

O Hospital Nasser, na cidade de Kahn Younis, no sul da Faixa de Gaza diz que tem mais de 20.000 pessoas abrigadas, sem contar com os pacientes.

Estima-se que perto de 1.4 milhões de pessoas estejam deslocadas e sem sítio para ficar. Chegando ao sul, não conseguem sair porque a fronteira com o Egito está fechada. Só entram camiões com ajuda, que tem sido insuficiente.