O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, discursou esta sexta-feira pela primeira vez desde o ataque surpresa do movimento islâmico Hamas a 7 de outubro contra Israel.
Nasrallah começou o discurso a prestar uma homenagem aos "mártires" libaneses e palestinianos mortos no conflito.
"Começo por apresentar as minhas mais profundas condolências às famílias dos mortos aqui no Líbano e, ao mesmo tempo, felicito-vos porque os vossos entes queridos ganharam a honra do martírio. A paz esteja com todos vós, meus irmãos e irmãs", disse.
O líder libanês considerou legítima a guerra contra Israel a nível moral, religioso e humanitário.
"Esta é uma batalha sem falhas a nível humano, ético e religioso. É a mais evidente, a mais honesta e a mais nobre. A verdadeira força reside na crença, convicção inabalável, devoção e empenho na causa", vincou.
Nasrallah descreve o ataque do Hamas como "grande e "sagrado", afirmando que foi levado a cabo "100% pelos palestinianos".
"Não houve nenhum lado negativo na operação do Hamas, não podiam ter feito de outra forma", garantiu.
O ataque de 7 de outubro matou centenas de pessoas e o movimento islâmico levaram e levaram, pelo menos, 200 reféns para Gaza.
O líder do Hezbollah recordou as palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, quando disse estar "profundamente preocupado com as claras violações" do direito humanitário internacional em Gaza.
"Estão a matar o nosso povo diariamente", acrescentou, explicando que o Hezbollah foi criado pelo Irão para fazer frente aos EUA e a Israel e faz parte do chamado ‘Eixo da Resistência’, afirmando que o “Irão apoia, mas não tem nada a ver com a decisão da Resistência. A decisão é tomada pelos líderes da Resistência”.
“Os EUA são culpados pelo que está a acontecer em Gaza”
Nasrallah acusa os EUA de serem os responsáveis pelo que se passa em Gaza e diz que Israel é “apenas um instrumento” que os norte-americanos estão a “utilizar”.
“Os EUA são contra um cessar-fogo. Precisam de ter em conta o que estão a fazer aos civis na região", afirma.
Ataque ao Líbano seria o erro “mais estúpido”
O líder do Hezbollah afirma que o movimento entrou no conflito a 8 de outubro, um dia depois do ataque surpresa do Hamas.
O grupo libanês tem-se envolvido em combates quase diários ao longo da fronteira com Israel desde o início do conflito com o Hamas e Nasrallah já avisou que a situação pode agravar-se. Advertindo ainda que um ataque ao Líbano seria o “erro mais estúpido” que Israel poderia cometer.
O Hezbollah apoia o Hamas contra Israel e tem-se envolvido em troca de tiros de artilharia com as forças israelitas a partir do sul do Líbano, com baixas para os dois lados.
Durante o discurso, Nasrallah não indicou quais os planos do movimento xiita para o futuro.
Com Lusa