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Israel: "A ameaça do fundamentalismo islâmico é real"

Vasco Becker-Weinberg, especialista em direito internacional, e Francisco Crudell, especialista em segurança, analisam a entrega de reféns do Hamas a Israel.

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Vasco Becker-Weinberg e Francisco Crudell analisam a libertação de reféns com o começo do cessar-fogo esta sexta-feira entre Israel e o Hamas. Apesar de ser uma boa notícia, a pressão internacional tem de ser maior e o exército israelita vai aproveitar esta pausa para se reorganizar.

Henrique Cymerman, correspondente SIC em Israel, refere que os reféns já libertados esta sexta-feira chegaram a uma base militar, cruzaram na fronteira egípcia e foram levados de carro com milhares de pessoas a gritar e felizes pelo retorno.

O Hamas ainda tem 36 crianças, vários bebés, mas destes reféns há três mães e o resto órfãos. Há, também, seis senhoras idosas que estão a ser examinadas por todo o caminho.

Segundo Cymerman, Hamas não sabe onde estão reféns, sendo que houve três mil terroristas que entraram em Israel, e metade pertenciam as unidades do Hamas e a um comando do Hamas, que se preparou em Teerão para a operação. Ao mesmo tempo que isto decorria, e com a facilidade para entrar em Israel, houve outros invasores da população civil - que apoia o Hamas - que aproveitou para saquear e roubar.

Para Vasco Becker-Weinberg, a desmilitarização da Faixa de Gaza é bastante importante, não só para Israel, mas também para a comunidade internacional.

“Não só para a região e estados de direito democráticos, todos têm noção da ameaça que Hamas representa e que não fica apenas condicionado pelos limites geográficos do Médio Oriente e o seu projeto sempre foi um estado teocrático em Israel. Mesmo no futuro estado palestiniano, a ameaça do fundamentalismo islâmico é real”, refere especialista em direito internacional.

Para o convidado, também faltou a pressão internacional para a libertação dos reféns, e, portanto, "é necessário manter e aumentar a pressão para que seja uma prioridade".

Já Francisco Cudell, analista de segurança e defesa, é bastante difícil o Estado de Israel lidar com a opinião pública, sossegá-la, sendo que libertar reféns é já meio caminho andado.

"A doutrina israelita previa que em situações de reféns que eles fossem recuperados num espaço de 30 dias. Já vamos com 49, a pressão já é elevada. Sempre afirmaram que não negociavam com terroristas, mas Netanyahu vai ter de afirmar que essa negociação existiu, há uns que não aceitam a guerra querem que os combates parem, porque pode por em risco os outros reféns e há uns que não aceitam negociação", refere.

Para além disso, este período de tréguas é bom para o exército israelita redefinir uma nova fase da guerra.

"Apesar de estarmos focados na feliz recuperação, os militares israelitas estão a consolidar posições, marcações de futuros alvos, e a querer prolongar as tréguas, porque o exército israelita quer ir mais longe", conclui.

13 reféns israelitas foram esta sexta-feira libertados, após terem sido levados pelo Hamas no Kibbutz Nir Oz pelo Hamas. A libertação faz parte de um acordo e de um cessar-fogo limitado, o primeiro na guerra em Gaza.

Dos 2 aos 85 anos, os 13 reféns libertados pelo Hamas, após acordo com Israel têm idades distintas e, agora, regressam a casa.