Mundo

Análise

Guerra Israel-Hamas: qual a possibilidade de retomar as negociações?

Após o fim do cessar-fogo, Israel cumpriu o que tinha prometido e voltou a atacar fortemente os alvos do Hamas, como explica o comentador da SIC, Germano Almeida, na análise aos últimos desenvolvimentos da guerra no Médio Oriente.

Loading...

Israel expandiu a operação militar a toda a Faixa de Gaza e ordenou a evacuação de mais de 20 localidades. Durante o fim de semana, Israel atacou mais de 400 alvos militares. Tal como tinha prometido, depois do fim das tréguas e da pausa nos combates, Israel voltou a atacar fortemente os alvos do Hamas, como explica o comentador da SIC, Germano Almeida, que não vê para já grande perspetiva de as negociações serem retomadas.

“É isto que verificámos já este fim de semana e que estamos a verificar agora, com um fim de semana muito sangrento, com bombardeamentos que estão em linha com os mais sangrentos e mais graves deste 7 de outubro”.

A semana de cessar-fogo, em que ocorreu a troca de reféns por presos, terá servido também para o Hamas se reagrupar e alterar posições.

Israel anunciou a expansão das operações, indo muito mais para Sul, com uma complexificação da ofensiva e, com esse novo foco, o número de baixas civis aumentou bastante

“Israel tinha apelado precisamente à população de Gaza para sair do Norte para Sul, as Nações Unidas agora acusam Israel de mais uma vez atentar contra a vida de civis”.

“A semana de suspensão de armas correu melhor do que se esperava na perspetiva, em que houve um número bastante significativo de reféns. Foram libertados mais de 100, embora ainda fiquem 137, possivelmente cinco já mortos, com cerca de 240 presos palestinianos libertados das cadeias israelitas”, explica o comentador da SIC.


Para Germano Almeida “aparentemente, não há perspetiva de serem retomadas as negociações (…) O Qatar tem muito crédito na forma como conseguiu liderar e promover uma mediação que no início, pouco depois de outubro, parecia absolutamente impensável".

O Qatar passou o fim de semana a desdobrar-se em diligências no sentido de retomar essas negociações, nomeadamente telefonemas com Anthony Blinken, secretário de Estado norte-americano.

Contudo, o Qatar mantém uma posição crítica em relação a Israel e acusa o país de estar a cometer crimes de guerra em Gaza, o que não ajuda a promover muito essa mediação.

Por outro lado, há a pressão interna da sociedade Israelita, nomeadamente das famílias, junto de Benjamin Netanyahu, do Governo Israelita, para que retome o foco na questão dos reféns.

“Ainda ontem, manifestações à porta de casa de Netanyahu, em que foram até presos alguns cidadãos israelitas que exigem as primeiro-ministro israelita que voltar a colocar esse foco".

No entanto, acabaram as tréguas e Israel voltou a olhar para o ataque a objetivos do Hamas, com a agravante de na passada quinta-feira, um atentado reivindicado pelo movimento radical islâmico, ter causado a morte de três civis israelitas em plena rua de Jerusalém e “recolocou o lado mais duro de falcão do Governo israelita”.