Os bombardeamentos intensificaram-se este sábado na Faixa de Gaza, sobretudo na região sul, em Khan Younis. Segundo avança a Al-Jazeera, pelo menos 13 pessoas da mesma família morreram num dos ataques. Já em Rafah, duas casas foram atingidas, provocando a morte a dez pessoas.
O Hamas afirma que, nas últimas 24 horas, mais de 300 pessoas perderam a vida em bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, elevando o total de vítimas mortais para 17.500 desde o início do conflito, a 7 de outubro.
Este agravamento do conflito acontece numa altura em que se somam reações à decisão dos Estados Unidos de vetar um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, apesar do apelo inédito lançado pelo secretário-geral da organização, António Guterres.
Irão alerta para possibilidade de "uma explosão incontrolável" no Médio Oriente
O Irão alertou também este sábado para a possibilidade de "uma explosão incontrolável" no Médio Oriente se os Estados Unidos continuarem a apoiar Israel na guerra contra o grupo islamita palestiniano Hamas em Gaza.
"Enquanto os Estados Unidos apoiarem os crimes do regime sionista e a continuação da guerra (...) existe a possibilidade de uma explosão incontrolável da situação na região", afirmou o chefe da diplomacia iraniana.
O alerta de Hossein Amir-Abdollahian foi feito durante uma conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, António Guterres, segundo um comunicado divulgado pelo ministério em Teerão e citado pela agência francesa AFP.
A troca de impressões teve lugar depois de os Estados Unidos terem vetado, na sexta-feira, uma resolução do Conselho de Segurança que apelava para um "cessar-fogo humanitário imediato" no território palestiniano da Faixa de Gaza.
A resolução, preparada pelos Emirados Árabes Unidos, recebeu 13 votos a favor, um contra e uma abstenção (Reino Unido).
O Irão é um dos principais apoiantes internacionais do Hamas, que lançou um ataque sangrento em solo israelita em 7 de outubro, no qual morreram 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.
Estados Unidos insistem no direito à defesa de Israel
Os Estados Unidos justificaram o veto insistindo que Israel tem direito a defender-se, depois do ataque de 7 de outubro. O embaixador norte-americano nas Nações Unidas sublinhou mesmo que um cessar-fogo imediato não vai trazer paz à região.
"Não apoiamos uma resolução que apela a um cessar-fogo insustentável, que simplesmente plantará as sementes da próxima guerra", justificou o representante norte-americano na ONU, Robert Wood, denunciando também o "fracasso moral" da ausência de uma condenação específica no texto dos ataques de 07 de outubro perpetrados pelo Hamas.Wood disse ainda que o projeto era "precipitado", "desequilibrado e divorciado da realidade", e criticou o facto de as recomendações norte-americanas terem sido "ignoradas" durante o processo de consultas.
Embaixador palestiniano considera desastrosa posição dos EUA
O representante palestiniano nas Nações Unidas, Riyad Mansour, declarou que este “é um ponto de viragem na História e é mais do que lamentável”, considerando desastrosa a posição dos Estados Unidos.
“Rejeitamos este resultado e continuaremos a recorrer a todas as vias legítimas para pôr fim a estas atrocidades abomináveis”, afirmou.
Mansour acusou ainda o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de procurar sobreviver politicamente à custa dos ataques e bombardeamentos na Faixa de Gaza.
"A pessoa que lidera este ataque sacrificaria o povo palestiniano e israelita pela sua sobrevivência política egoísta e é um inimigo declarado da solução de dois Estados. Toda a sua vida foi dedicada à aniquilação do povo palestiniano", afirmou Mansour perante o Conselho de Segurança da ONU.
O embaixador sublinhou que o primeiro-ministro israelita procurou uma "oportunidade" política para "acabar com as aspirações nacionais do povo palestiniano".
"Esta é a guerra de Netanyahu. Esta é a guerra da coligação mais extremista que permanece no poder em Israel", advogou.
"Devemos fingir que não sabemos que o objetivo é a limpeza étnica da Faixa de Gaza?", questionou o diplomata, acrescentando que qualquer país que se opõe à destruição e à deslocação forçada da população palestiniana deve ser a favor de um cessar-fogo.
Neste sentido, apelou aos Estados-membros para que acordem e não se deixem enganar por Israel, que continua a "brincar" com os países, obrigando-os a discutir, entre outras coisas, o número de camiões com ajuda humanitária que entram em Gaza.
Israel acusa ONU de “seguir o guião” do Hamas
O embaixador de Israel junto da ONU reagiu também à resolução apresentada por António Guterres, que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, acusando as Nações Unidades de viabilizarem dessa forma o plano do Hamas.
“O Hamas é a causa principal da situação em Gaza, mas não há qualquer responsabilização pela sua maldade”, criticou Gilad Erdan, perguntando: “Porque é que o Hamas não é totalmente responsabilizado pela ONU e pelos seus organismos?”
O representante israelita exigiu ainda que “digam a verdade aos habitantes de Gaza” e sublinhou que “o Hamas tem um guião bem explícito” e que a ONU, ao pedir um cessar-fogo, está “a seguir esse guião”.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, dirigiu críticas a António Guterres, em publicações nas suas redes sociais.
"O apelo de Guterres, ao colocar-se ao lado do Hamas e solicitar um cessar-fogo, desonra a sua posição", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, na rede social X.
O ministro israelita declarou que "a invocação do artigo 99, após este não ter sido utilizado para a guerra na Ucrânia ou (...) na Síria, é mais um exemplo da posição parcial e unilateral de Guterres".
"Um cessar-fogo neste momento evitaria o colapso da organização terrorista Hamas, que está a cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade, permitindo-lhes continuar a governar a Faixa de Gaza", alertou.
Cohen expressou gratidão aos Estados Unidos "pelo seu apoio na continuação da luta para trazer os reféns para casa e eliminar a organização terrorista Hamas, o que trará um futuro melhor para a região".
Com agências
[Notícia atualizada às 10:30]