O Irão proibiu familiares da jovem curda que morreu após ter sido detida pelo suposto uso incorreto do véu de viajar para receber o Prémio Sakharov que lhe foi atribuído a título póstumo, denunciou este sábado uma advogada.
Os pais e o irmão de Mahsa Amini foram "proibidos de embarcar no voo que os levaria a França para a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov", disse Chirinne Ardakani, advogada da família em França.
Os familiares de Amini forma impedidos "de sair do país à meia-noite de sexta-feira, apesar de terem vistos" os seus passaportes "foram confiscados", acrescentou, citada pela agência francesa AFP.
O Parlamento Europeu atribuiu em outubro o Prémio Sakharov a Mahsa Amini e ao movimento "Mulheres, Vida e Liberdade", que tem sido reprimido de forma sangrenta pelas autoridades iranianas.
O Prémio Sakharov é a mais alta distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos.
A morte de Mahsa Amini
Mahsa Amini morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por usar um véu que não lhe assentava bem.
A morte da jovem de 22 anos deu origem a meses de manifestações em grande escala contra os líderes políticos e religiosos do Irão, cuja repressão resultou em centenas de mortes e milhares de detenções.
"O assassinato brutal de Mahsa Amini marcou um ponto de viragem", disse a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, aquando do anúncio do prémio.
"O slogan 'Mulheres, Vida, Liberdade' tornou-se um grito de guerra para todos aqueles que defendem a igualdade, a dignidade e a liberdade no Irão", acrescentou.
Em 23 de novembro, o Parlamento Europeu condenou os "assassinatos brutais de mulheres perpetrados pelas autoridades iranianas, incluindo o de Mahsa Amini, vencedora do Prémio Sakharov 2023".
Os eurodeputados apelaram também para a "libertação imediata de todas as vítimas de detenção arbitrária e defensores dos direitos humanos", incluindo a ativista iraniana Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023.
"Enquanto o Prémio Nobel está a decorrer ao mesmo tempo, as autoridades iranianas nunca estiveram tão mobilizadas para impedir que as famílias das vítimas falassem à comunidade internacional", afirmou a advogada Chirinne Ardakani.