"Estamos a trabalhar para que, paralelamente à operação Atalanta, possa haver uma missão militar europeia no Mar Vermelho", disse Antonio Tajani, vice-primeiro ministro e ministro dos negócios estrangeiros italiano, numa conferência de imprensa sobre a presidência italiana do G7 (as sete maiores economias mundiais, mais a União Europeia), em Roma.
"A hipótese é alargar a atual missão de proteção do comércio no Estreito de Ormuz", acrescentou também, referindo-se à operação Agenor, no Golfo, uma operação de vigilância conjunta, liderada pela França e composta por mais oito países, incluindo Portugal.
Tajani disse que a proposta, que também prevê a possível participação de países terceiros, irá ser discutida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) no Conselho dos Negócios Estrangeiros, em Bruxelas, na próxima segunda-feira. "Com a França e a Alemanha estamos a formalizar uma proposta para apresentar aos outros parceiros da UE, mas estou otimista", continuou o ministro, acrescentando ainda que espera que a decisão política seja tomada na reunião de segunda-feira, para que a missão "possa estar operacional o mais rapidamente possível".
"Os navios no Mar Vermelho não têm regras de combate para atacar, mas têm o direito de defender e proteger os navios mercantes em caso de ataque, incluindo através do uso de armas", disse Tajani.
Afirmou que a Itália pretende "reforçar a coesão e estabilidade", perante "duas guerras [Ucrânia e Gaza] e uma crise no Mar Vermelho".
"As nossas estrelas polares são os Estados Unidos e a União Europeia", indicou Tajani. A Itália, juntamente com a UE, continuará a apoiar a Ucrânia "na defesa do seu direito à existência".
"Queremos uma paz que não implique que haja um vencedor e um vencido, mas que esteja de acordo com o direito internacional. A Ucrânia está a defender a sua liberdade e a da Europa", acrescentou.
Sobre a crise no Médio Oriente, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel, a 7 de outubro, que matou cerca de mil pessoas e fez mais de 200 reféns, o vice-primeiro ministro italiano disse que iria em missão ao Líbano, a Israel e à Palestina "nos próximos dias" para "transmitir uma nova mensagem de paz e de diálogo".
"Estamos a fazer tudo para ajudar os civis palestinianos. Somos partidários da solução de dois povos e dois Estados", continuou, insistindo que este é "o único caminho para a paz nessa terra atormentada".
"O dia 07 de outubro foi uma caça aos homens, às mulheres, às crianças, aos judeus, com uma violência sem precedentes: a profanação dos corpos foi um ato de cobardia", e acrescentou que "o que aconteceu foi um crime de guerra sobre o qual se fala muito pouco".
Tajani disse que a migração "não é apenas uma questão de ordem pública" e que é necessária "uma abordagem estratégica" para a gerir.
"Se, como nos recordou o Papa, queremos defender o direito de não emigrar, temos de resolver problemas como as guerras, as alterações climáticas, as doenças e a pobreza", concluiu, a propósito destes temas que pretende abordar no âmbito do G7, cuja presidência foi assumida por Itália no início do ano.