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"A Rússia sabia perfeitamente que Borrell estava ali a dormir em Kiev"

O comentador da SIC Germano Almeida diz que o ataque de hoje "é mais uma prova de como a Rússia sinaliza que não quer que a Europa ajude a Ucrânia".

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A Rússia atacou, esta terça-feira, com mísseis a capital ucraniana, onde se encontra de visita o chefe da diplomacia da UE, que se refugiou no abrigo subterrâneo do hotel onde está hospedado. Kiev está a ficar sem munições e quer criar um ramo das forças armadas para drones.

“Apesar das dificuldades da Ucrânia no terreno, por estar com grande inferioridade numérica e de meios, a verdade é que tem conseguido algumas coisas relativamente ao uso de drones, nomeadamente na Crimeia, no Mar Negro, a atacar a frota russa do Mar Negro, atacar Sebastopol”.

O Presidente Zelensky disse que é preciso avançar ainda mais, vão criar um ramo das forças armadas para drones"

“É um caminho que a Ucrânia percebe que tem que fazer, sabendo que vai cada vez contar menos com o apoio americano e europeu, então o que resta é ter a capacidade ela própria de produzir a sua própria defesa”.

O alarme soou cerca das 06:00 (03:00 em Lisboa), antes de Josep Borrell ter iniciado o programa de reuniões, incluindo encontros com o Presidente Volodymyr Zelensky e outros dirigentes ucranianos.

“Mais uma vez a Rússia mostra o que é e como procede ao atacar Kiev com mísseis quando Borrell estava em Kiev, às 6 da manhã locais, sabendo a Rússia perfeitamente que ele estava ali a dormir, o chefe da diplomacia europeia teve que se proteger em abrigos. É mais uma prova de como a Rússia sinaliza que não quer que a Europa ajude a Ucrânia e por isso também percebemos que cada euro ajudar a Ucrânia é um euro na segurança europeia, como bem disse ontem o Presidente do Conselho Europeu”.

A visita do Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros termina hoje. A Ucrânia parece estar com cada vez maiores dificuldades e a não receber o armamento que deseja.

“A visita de Borrell sinaliza o caminho que a Europa deu no Conselho Europeu extraordinário do passado dia 1 ao aprovar a ajuda macrofinanceira de 50 mil milhões de euros até 2027”.

Essa ajuda vai começar a ser concretizada a partir de março, e tem a ver com a reconstrução do país, a visita dos ministros portugueses dos Negócios Estrangeiros e da Educação teve a ver também com a reconstrução que Portugal está a participar

Portugal, também anunciou um novo pacote de ajuda militar, “naturalmente com as limitações que Portugal tem nesse aspeto, mas foi um sinal importante”.

“Além da reconstrução e da ajuda financeira, há também uma ajuda militar a avançar e a Presidente da Comissão foi muito clara: até março a União Europeia vai dar meio milhão de munições e a partir daí continuar. É só 50% do objetivo apontado há 1 ano, mas mostra também as limitações”.