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ONU alerta que demolições de prédios em Gaza "podem constituir crimes de guerra"

De acordo com as Nações Unidas, há fortes indícios de que esteja a destruir infraestruturas civis e zonas residenciais de forma a dificultar o regresso da população.

Soldados israelitas em Gaza
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O alto comissário da ONU para os direitos humanos acusa as forças israelitas de estarem a demolir infraestruturas civis e edifícios residenciais na Faixa de Gaza, com o objetivo de criar uma "zona tampão" ao longo da fronteira. Volker Turk diz que esta prática pode constituir um crime de guerra.

Apesar da ofensiva das forças israelitas na Faixa de Gaza estar concentrada no centro e no sul do território, Telavive estará também já a pensar no pós-guerra.

De acordo com as Nações Unidas, há fortes indícios de que esteja a destruir infraestruturas civis e zonas residenciais de forma a dificultar o regresso da população.

“Desde outubro, o meu gabinete tem registado a destruição e demolição generalizadas, por parte das IDF, de infraestruturas civis e outras, incluindo edifícios residenciais, escolas e universidades, em zonas onde não há ou deixou de haver combates”, afirma Volker Turk

Deslocados não terão para onde regressar depois da guerra

De acordo com uma investigação do jornal israelita Haaretz, a magnitude da devastação em Gaza, sobretudo no norte, onde vivia a maior parte da população, é tão grande que os deslocados não terão onde regressar depois da guerra.

O Haaretz diz que além de casas, desde 7 de outubro as forças israelitas danificaram ou destruíram por completo redes de abastecimento de água, de energia e de esgotos, escolas, mesquitas, igrejas, lojas, centros comerciais e até cemitérios.

As Nações Unidas dizem que não há nada que possa justificar este grau de devastação.

“Nenhuma criança deveria crescer com medo, dor e fome. Mas, neste momento, nenhuma criança em Gaza está livre de medo, da dor e da fome. Mais de dez crianças por dia, em média, perderam uma ou ambas as pernas em Gaza, desde o início do conflito, há quatro meses”, defende a presidente do Comité da ONU para os Direitos das Crianças, Ann Skelton.

As agências humanitárias das nações unidas pedem um cessar-fogo imediato e lembram que num território onde 40 por cento da população tem menos de 14 anos, milhares de vítimas da guerra são crianças.

Com quase 90 por cento da população deslocada e concentrada em Rafah, junto à fronteira com o Egito, as agências humanitárias alertam para o desastre que poderia implicar uma ofensiva terrestre israelita nesta área.