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Morte de Navalny: embaixador russo em Portugal critica "retórica hostil dos media portugueses"

Para Mikhail Kamynin, a "cobertura tendenciosa" da morte do opositorrusso corresponde "totalmente aos interesses das elites políticas do Ocidente, cuja narrativa antirrussa militarista dos últimos meses tanto necessita de apoio público".

Morte de Navalny: embaixador russo em Portugal critica "retórica hostil dos media portugueses"
TATYANA MAKEYEVA

O embaixador da Rússia em Lisboa reagiu, esta sexta-feira, à morte numa prisão estatal do opositor russo Alexei Navalny, pela qual União Europeia e Estados Unidos responsabilizam o Kremlin, criticando a "politização" do facto e a comunicação social portuguesa.

"Antes de informação completa sobre as circunstâncias da morte de Alexei Navalny aparecer, o espaço mediático local encheu-se de sentenças condenatórias contra o nosso Estado", destacou o diplomata Mikhail Kamynin, citado numa nota publicada no canal da embaixada na rede social Telegram, depois de União Europeia, Estados Unidos e diversos países europeus terem responsabilizado o Presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor.

"A cobertura tendenciosa desta notícia está em plena sintonia com a retórica hostil dos 'media' portugueses que durante os últimos dois anos têm impingido ativamente ao seu público uma imagem 'demoníaca' da Rússia", acusou.

"Não vale a pena politizar a morte duma pessoa", disse ainda Mikhail Kamynin. O opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.

Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial" e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência. Destacados dirigentes ocidentais e os apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.

"Cobertura tendenciosa" corresponde “ aos interesses das elites políticas”

Para Mikhail Kamynin, a "cobertura tendenciosa" corresponde "totalmente aos interesses das elites políticas do Ocidente, cuja narrativa antirrussa militarista dos últimos meses tanto necessita de apoio público".

"As 'bombas' mediáticas, como a de hoje, visam garanti-lo", frisou, criticando ainda a falta de conclusões do processo da investigação às explosões nos gasodutos Nord Stream e Nord Stream 2.

Dezenas de pessoas concentraram-se, esta sexta-feira, em frente à embaixada russa em Lisboa para prestar homenagem a Alexei Navalny, acendendo velas, deixando flores, escrevendo em cartazes frases do opositor do Kremlin morto esta sexta-feira, ou simplesmente chorando.

O silêncio é quebrado por vezes com palavras de ordem, em russo, como "A Rússia vai ser livre". Nalguns cartazes pode ler-se, em inglês, "Navalvy foi morto por Putin" e "Nós não vamos desistir".