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CONTEÚDO SENSÍVEL

Queimadas vivas, com as mãos atadas e olhos colados: os relatos arrepiantes do massacre em Bucha

Dois anos depois, o massacre de Bucha, que chocou o mundo, continua a ser o episódio mais negro da guerra. Milhares de pessoas foram mortas. Meses depois da retirada dos russos, ainda chegavam (diariamente) corpos à morgue.

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Quando as tropas russas se retiraram da região de Kiev, em abril de 2022, depois de um mês de ocupação, deixaram para trás um rasto de morte, tortura e violência sexual. Dois anos depois, o massacre de Bucha continua a ser o episódio mais negro da guerra. Alerta: o conteúdo é sensível.

Nadya foi uma das vítimas da ocupação russa a norte de Kiev, que durou um mês. Milhares de pessoas foram assassinadas em Bucha, Irpin, Hostomel, Adriivka ou Borodianka. Crianças, mulheres, idosos, a maioria mortos a tiro enquanto fugiam.

Meses depois da retirada dos russos, ainda chegavam diariamente corpos à morgue de Bucha. Descobertos em valas comuns ou exumados depois de enterros improvisados feitos pelos próprios familiares ou vizinhos nos quintais de casa, em hortas, em jardins públicos. Os relatos são arrepiantes.

"Enterrámo-la na horta, eu e o meu sobrinho, filho dela. Foi ele que fez a cova para a própria mãe", disse Oksaba, irmã de uma vítima.

Já Taras Symonenko, voluntário, conta que desenterrou três corpos na floresta. Durante a exumação viu "corpos com as mãos atadas atrás das costas, encapuzados" e com os olhos "colados com fita cola".

Uma psicóloga conta que muitas pessoas foram baleadas na nuca, incluindo algumas crianças.

"Desenterrei pessoas que foram queimadas vivas. Dá muito medo. Quando as pessoas estavam a fugir, eles abatiam-nas pelas costas", relata Artem Shevchenko, voluntário.

Dois anos depois, Bucha continua a ser o momento mais negro de um conflito marcado pelas atrocidades das forças russas contra os civis ucranianos.