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Análise

“EUA estão a dar sinais de que perderam a paciência com o Governo israelita”

Ricardo Alexandre analisa as negociações de paz no Médio Oriente e a ida do opositor de Netanyahu aos Estados Unidos. Sobre o conflito na Ucrânia, o jornalista destaca a proposta apresentada por congressistas republicanos para desbloquear o apoio a Kiev.

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As negociações para um cessar-fogo no Médio Oriente continuam sem avanços. Para prosseguir nas conversações, Israel exige ao Hamas uma lista dos reféns vivos. Ricardo Alexandre, jornalista da TSF, considera uma reivindicação “legítima”, mas afirma que há neste processo “uma história mal contada”.

Em entrevista à SIC Notícias, o jornalista da TSF diz que a ausência de Israel no Egito está “muito certamente relacionada” com a ida do líder da oposição a Washington, Estados Unidos, esta segunda-feira, onde será recebido pela vice-presidente Kamala Harris e pelo Secretário de Estado, Anthony Blinken.

Contra a vontade de Netanyahu, que disse a Benny Gantz que qualquer visita de ministros do Governo ou responsáveis pelo gabinete de Crise ao estrangeiro devia ser articulada por ele. Benny Gantz não quis saber do que Netanyahu disse e foi para os EUA, onde vai ser recebido pelas mais altas figuras do Estado, se exceptuarmos o Presidente Biden. Isso desagradou profundamente ao primeiro-ministro [israelita]”, explica Ricardo Alexandre.

Para o jornalista da TSF, os “EUA estão a dar sinais de que perderam a paciência com o Governo israelita”. Ao receberem o opositor do Governo, mostram ao mundo e também a Israel “que há outros interlocutores, que não apenas o primeiro-ministro”.

Sobre os protestos contra o Governo israelita, Ricardo Alexandre lembra que existe uma parte da sociedade israelita “que entende que a prioridade é libertar os reféns”. No entanto, após vários meses de conflito e com mais de 30 mil palestinianos mortos na Faixa de Gaza, “os reféns não voltaram a casa”.

Isso é o que mobiliza as pessoas que vêm para a rua. É o que pensa parte da oposição israelita e até parte do Governo. Acontece que o Governo Netanyahu está tomado por dirigentes radicais, nomeadamente pelos partidos a que pertencem o ministro das Finanças e o ministro da Segurança Nacional. E essas são as vozes que Netanyahu mais escuta porque precisa delas para se manter no Governo.

Rússia tenta “desprestigiar” o Ocidente com áudio de militares alemães

A Rússia revelou audios onde alegadamente militares alemães falam da guerra na Ucrânia. Para Ricardo Alexandre, trata-se de uma tentativa de Moscovo para “desprestigiar” a Alemanha e os países ocidentais que têm manifestado o apoio a Kiev.

Sobre as ajudas enviadas para a Ucrânia, o jornalista destaca a reunião entre o presidente da Câmara dos Representantes e um grupo de congressistas republicanos que é favorável ao apoio dos Estados Unidos a Kiev para apresentar uma proposta alternativa e, assim, desbloquear o pacote de ajuda.

A proposta presentada continua a prever os 66 mil milhões de dólares de apoio, mas introduz algumas diferenças: “A única diferença que introduzem é que essa ajuda deve ser militar e não ser encaminhada para ajuda humanitária. E deve ser acompanhada de severas restrições aos requerentes de asilo na fronteira sul dos Estados Unidos”, explica o jornalista.

Não se sabe se esta formulação conseguirá o apoio do presidente da Câmara dos Representantes ou se terá os votos da maioria dos republicanos. Também não se sabe quando a proposta será votada ou chegará às tropas ucranianas.