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Casa Branca quer ver plano de Israel para ofensiva em Rafah

O fosso entre Joe Biden e Benjamin Netanyahu aumenta a cada dia. Além do conflito e da crise humanitária, os dois líderes divergem completamente quanto às perspetivas a longo prazo para a região.

Casa Branca quer ver plano de Israel para ofensiva em Rafah
Kevin Lamarque

O executivo norte-americano liderado por Joe Biden pretende ver o plano do Exército israelita para uma ofensiva em Rafah, aprovado esta sexta-feira pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, realçou um porta-voz da Casa Branca.

"Não apoiaremos um plano que não tenha em conta o milhão e meio de refugiados" palestinianos nesta zona do sul da Faixa de Gaza, alertou novamente John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano.

Benjamin Netanyahu anunciou que o Exército está pronto "para o lado operacional e para a retirada da população".

Em reação, Kirby sublinhou que a Casa Branca "gostaria de ter a oportunidade de ver" os planos em questão.

Fosso entre Biden e Netanyahu aumenta a cada dia

O fosso entre o Presidente norte-americano e o primeiro-ministro israelita aumenta a cada dia e Joe Biden elogiou o "bom discurso" da véspera do líder dos senadores democratas, Chuck Schumer, muito crítico para com Benjamin Netanyahu.

O senador estimou esta quinta-feira que "novas eleições são a única forma de permitir um processo de tomada de decisão saudável" sobre o futuro de Israel, considerando que o primeiro-ministro Netanyahu "perdeu o rumo, deixando a sua política de sobrevivência à frente dos melhores interesses" do seu país.

John Kirby foi esta sexta-feira questionado sobre se Biden também pretende eleições em Israel:

"Caberá ao povo israelita decidir", frisou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

Joe Biden, que apoiou Israel quase incondicionalmente desde o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro, distancia-se cada vez mais de Benjamin Netanyahu.

A tensão poderá aumentar ainda mais no caso de uma ofensiva israelita em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde um milhão e meio de palestinianos encontraram refúgio.

A recente visita a Washington de Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelita e grande rival político de Benjamin Netanyahu, foi também interpretada como uma indicação da crescente desconfiança dos Estados Unidos em relação ao chefe do Governo israelita.

Gantz não viu Joe Biden, mas esteve com a vice-presidente Kamala Harris e o chefe da diplomacia, Antony Blinken.

Joe Biden e Benjamin Netanyahu falaram pela última vez em 15 de fevereiro, e o clima entre os dois líderes, cuja relação sempre foi difícil, continuou tenso desde então.

Para além do conflito e da crise humanitária, os dois líderes divergem completamente quanto às perspetivas a longo prazo para a região.

O primeiro-ministro israelita rejeitou pública e firmemente a perspetiva de um futuro Estado palestiniano, que a Casa Branca defende.