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Entrevista SIC Notícias

As eleições russas foram um autêntico "show" onde "as pessoas foram mais uma vez intimidadas"

Em entrevista à SIC Notícias, Ksenia Ashrafullina, ativista russa, falou sobre as mais recentes eleições na Rússia que voltaram a eleger Vladimir Putin como Presidente.

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Putin foi novamente eleito Presidente da Rússia com 88% dos votos, a votação mais elevada desde que chegou ao poder, no ano de 2000. Em entrevista à SIC notícias, Ksenia Ashrafullina, uma ativista russa garante que as eleições foram novamente manipuladas e que é importante que a comunidade internacional reconheça o que se está a passar na Rússia e que as pessoas não pensem que esta vitória de Putin lhe dá legitimidade.

Para Ksenia Ashrafullina, a única coisa que este domingo mudou na Rússia foi o facto de algumas pessoas terem saído à rua pela primeira vez "porque sabiam que durante as eleições era seguro", de resto para a ativista nada mudou e "a guerra vai continuar".

"Putin conseguiu desenhar aquilo que queria, que era mostrar ao mundo que tem apoio", garantiu.

Para a ativista, não restam dúvidas que "as pessoas foram mais uma vez intimidadas" e que as eleições "foram roubadas".

"Olhem por favor para as filas de russos nas embaixadas que estavam lá para protestar contra ele e contra a rede", disse a ativista reforçando que o que foi visto não combinada com o desfecho final do resultado das eleições.

Sobre se Putin pode impor por exemplo uma mobilização para a guerra, agora que tem os poderes reforçados, a ativista diz que ele já o fez e vai "continuar obviamente" a fazer, porque o que aconteceu nas eleições também não foi uma novidade.

"Nós sabíamos que as eleições não iam mudar muito, portanto dentro dos russos não havia grandes esperanças que iria aparecer outra pessoa a ganhar".

Ksenia garantiu ainda que "já em outras eleições nós sabíamos que as eleições não eram verdadeiras", relembrando que "em 2018, o próprio Navalny pediu para boicotar as eleições porque não eram eleições de verdade".

As eleições foram novamente "um show", disse a ativista apelando para que as pessoas "não pensem que isto pode dar qualquer legitimidade a Putin e não aceitem este postal que ele manda para fora".

Sobre a postura da comunidade internacional, Ksenia Ashrafullina salientou que "ainda que tenha custado a vida de Navalny" é importante que "finalmente tudo esteja a ser visto ao mais alto nível fora da Rússia".