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Ajuda dos EUA: "Este atraso custou milhares de vidas aos ucranianos"

Germano Almeida analisa os últimos desenvolvimentos do conflito no Médio Oriente e da guerra na Ucrânia, com destaque para o apoio dos EUA, desbloqueado após seis meses de impasse.

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Os democratas, em bloco, e uma maioria de republicanos aprovaram o pacote de ajuda militar à Ucrânia, desbloqueando um impasse político que durava há seis meses. O Congresso dos EUA quebrou, assim, um impasse político. Para Germano Almeida, a aprovação da ajuda norte-americana à Ucrânia foi “uma surpresa” e “mostra que Trump é alguém que se mais do que convicções, lê eleitorado”.

“Confesso que para mim foi uma surpresa porque não esperava que Mike Johnson [speaker Republicano do Congresso] permitisse esta aprovação. É sinal, na minha opinião, vamos ver se isso se confirma que isto foi articulado com Donald Trump”.

"É um sinal, na minha expetativa, de que Trump até novembro quer deixar uma ambiguidade de não ser exatamente alguém que, para algum eleitorado mais moderado, possa ser demasiado pro-Putin, anti-Kiev, mas alguém que defende uma ideia que está neste pacote, que é o próximo passo na ajuda à Ucrânia através de empréstimos e não de doações a fundos perdidos", explica o comentador da SIC.

Germano Almeida sublinha que é uma boa notícia para ajudar a Ucrânia e “mostra que Trump é alguém que mais do que convicções, lê eleitorado”.

“Não há, de facto, uma grande onda no eleitorado americano de grande ajuda à Ucrânia, mas também não há uma grande onda, mesmo nos republicanos no litoral, para travar a ajuda à Ucrânia, porque, apesar de tudo, há um sentimento de que a Rússia é uma ameaça”.

“E essencialmente a aprovação de sábado mostra um regresso de uma certa racionalidade porque não era do interesse americano e também republicano fechar completamente a porta à Ucrânia”.

O comentador da SIC refere ainda que “Trump quis deixar essa ambiguidade, que é a ambiguidade que ele vai usar até novembro, que é de dizer: ‘Eu não sou pela Rússia, mas também não sou pela guerra’".


“Numa guerra de agressão como esta, este atraso custou vidas, custou milhares de vidas aos ucranianos e dar nomeadamente munições anti aéreas à Ucrânia, é salvar vidas”, realça.

Médio Oriente

A ação militar israelita sobre o sul da Faixa de Gaza, pode estar para breve. Pelo menos há sinais de que está a ser preparada com com bastante intensidade neste momento, Germana Almeida explica o contexto atual e o que se poderá esperar nos próximos dias.

“Podemos esperar que depois de uma semana em que estávamos ficados na tensão Irão-Israel, percebemos ao longo dos dias que não é do interesse de nenhum que haja uma guerra direta entre os dois”, começa por referir.

“A verdade é que Netanyahu terá ganho aqui algum espaço para preparar melhor essa ação em Rafah, que vai na mesma acontecer”.

"O fim de semana teve uma outra questão que foi o regresso dos do ataque das forças e das milícias pró iranianas e iraquianas contra a forças americanas (…) Isto recorda-nos que muito do essencial, além desta questão no Líbano com o Hezbollah, está não exatamente no Irão, mas nas marionetas nos proxys iranianos, que atacam forças israelitas e também americanas na região. E, portanto, a tensão é um pouco essa e se isso vai condicionar ou não também as últimas decisões de Netanyahu para Rafah é o que vamos ver nos próximos dias", conclui Germano Almeida.