A polícia deteve 32 manifestantes e desmantelou um acampamento pró-palestiniano na Universidade George Washington, depois de um ultimato feito pela autarquia da capital dos Estados Unidos.
A Polícia Metropolitana do Distrito Federal de Washington admitiu na quarta-feira ter usado gás pimenta contra os manifestantes, alguns dos quais foram detidos por agressão a um agente das forças de segurança e por entrada ilegal no campus da universidade.
A presidente da câmara municipal de Washington, a democrata Muriel Bowser, indicou que a autarquia e a polícia decidiram desmantelar o acampamento após sinais de que "o protesto estava a tornar-se mais volátil e menos estável".
Havia indícios de que os manifestantes tinham "reunido armas improvisadas" e estavam "a rondar" edifícios universitários com a possível intenção de os ocupar, disse a chefe da Polícia Metropolitana, Pamela Smith.
A universidade disse que protege a liberdade de expressão, mas defendeu que "o acampamento evoluiu para uma atividade ilegal, com os participantes em violação direta de múltiplas políticas universitárias e regulamentos municipais", de acordo com um comunicado.
Mais tarde, a administração disse que a instituição tinha retomado as atividades de forma normal, após uma "operação ordenada e segura" para dispersar os manifestantes.
"Esta foi uma tentativa explícita de reprimir os estudantes que exercem os direitos" de expressão, disse a deputada democrata Rashida Tlaib, numa conferência de imprensa com cinco estudantes que tinham sido detidos.
"Aqueles que se recusam a parar o genocídio em Gaza pensam que podem fugir desta situação com detenções e violência", lamentou outra deputada democrata Cori Bush.
A porta-voz da Casa Branca disse que o Presidente norte-americano, Joe Biden, acredita que o direito à dissidência é "fundamental (...), mas não pode levar à desordem e violência, ameaças, vandalismo, invasão e/ou encerramento de campus".
"Os estudantes têm o direito à segurança, e o antissemitismo é repugnante", acrescentou Karine Jean-Pierre.
Desde abril já foram detidas cerca de 2.800 pessoas em espaços universitários
Desde 18 de abril, cerca de 2.800 pessoas foram detidas em 50 espaços universitários dos Estados Unidos, de acordo com dados avançados pela agência de notícias norte-americana Associated Press, com base em declarações de universidades e autoridades locais.
Os manifestantes protestam contra o apoio dos EUA à ofensiva de Israel sobre a Faixa de Gaza e exigem às universidades que cortem qualquer relação com instituições ligadas a Telavive.
Estas manifestações pró-palestinianas e para exigir o fim do conflito em Gaza têm sido replicadas por todo o mundo, incluindo em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, no Canadá, na América Latina e na Austrália.