A operação em larga escala, oficialmente, ainda não começou em Rafah. No entanto, imagens dos combates, vistos do lado do Hamas mostram uma grande violência.
Em apenas 24 horas, 82 civis foram mortos, o número mais elevado num só dia, desde que Israel começou a atacar a região.
De Rafah já saiu até agora, quase meio milhão de palestinianos. Ou seja, um terço dos que viviam encurralados na cidade.
"O Secretário-Geral (das Nações Unidas) (António Guterres) está chocado com a escalada da atividade militar em Rafah e nos seus arredores por parte das Forças de Defesa Israelitas. Estes desenvolvimentos estão a impedir ainda mais o acesso humanitário e a agravar uma situação já de si terrível", disse Farhan Haq, porta voz da ONU.
Grande parte da ajuda humanitária continua a ser destruída, antes mesmo de entrar em Gaza. Seja em ataques militares, seja em assaltos civis.
"No que diz respeito à ajuda que chegou esta semana, entraram 50 camiões em Gaza no dia 12 de maio. Isto não é suficiente. É preciso fazer mais. Este é mais um exemplo da necessidade de abrir o posto fronteiriço de Rafah para que a ajuda humanitária possa continuar a entrar em Gaza de forma sustentada", garantiu Vedant Patel, porta voz do departamento de estado dos EUA.
A fronteira com o Egito mantém-se no entanto fechada. Israel assume que os ataques voltaram a expandir-se por todo o enclave.
"Atualmente, três divisões estão a combater em Gaza em três áreas diferentes - no norte, no centro e no sul da faixa. Só durante o Dia da Memória e o Dia da Independência, eliminámos cerca de 100 terroristas em Gaza", disse Daniel Hagari,porta voz do exército de Israel.
Telavive alega que os guerrilheiros do Hamas estão de novo espalhados por todo o território. A norte, os ataques concentram-se na região de Jabalia. E tal como acontece em Rafah, também aqui a população está em fuga. Só que em Gaza, não adianta ter bússola.
Os palestinianos assinalam hoje os 76 anos do "Nakba", a expulsão de que foram alvo para poder ser criado o estado de Israel.
"Atualmente, a situação é ainda mais difícil em comparação com o período que se seguiu à "Nakba" em 1948. Estamos a viver a deslocação, a fome, o bloqueio, a destruição e um inimigo implacável sem qualquer compaixão. Não é forma de viver", disse Amjad Shallah, um desalojado palestiniano.
"Não há catástrofe pior do que esta. Estou cá há cerca de 80 anos e nunca vi uma catástrofe como esta. As nossas casas desapareceram, os nossos filhos desapareceram, as nossas propriedades desapareceram, o nosso ouro desapareceu, os nossos rendimentos desapareceram - não sobrou nada. O que é que nos resta para chorar?", acrescentou Umn Mohammed, também uma desalojada palestiniana.
Em Gaza, nada de novo. Vários dirigentes do Hamas ter-se-ão reunido com responsáveis do Hezbollah. Logo a seguir Israel bombardeou o sul do Líbano e abateu Hussain Ibrahim Mekky, um alto responsável do movimento xiita, acusado de planear vários ataques em Israel.