Um grupo de vítimas de cancro está a processar a Johnson & Johnson, acusando a empresa de cometer fraude para evitar pagar milhares de indemnizações associadas ao pó de talco suspeito de causar cancro.
Segundo a agência Reuters, cinco queixosos, que pretendem representar mais de 50.000 pessoas, apresentaram a proposta de ação coletiva no tribunal federal de Nova Jérsia, nos Estados Unidos.
Alegam que a Johnson & Johnsonestá a usar empresas de fachada para alegar falência e assim “dificultar, atrasar e defraudar” os processos judiciais em curso.
“A Johnson & Johnson está a jogar um jogo de xadrez sombrio com os sistemas financeiro e judicial deste país”, acusa o advogado que representa as vítimas, Mike Papantonio.
A empresa terá usado uma manobra empresarial conhecida por “Texas two-step” para colocar os passivos associados ao pó de talco numa nova subsidiária, que declarou falência em 2021.
Os tribunais deram como provado que a Johnson & Johnson e sua subsidiária não estavam em dificuldades financeiras - e portanto não eram elegíveis para declarar falência - mas no início deste mês a empresa anunciou que planeia avançar para uma terceira declaração de falência.
Em 2021, depois de anos de litígio, a farmacêutica foi condenada a pagar milhões de dólares em indemnizações, sobretudo a mulheres vítimas de cancro nos ovários, mas também pessoas com mesotelioma, um tipo de cancro mortal associado a exposição a amianto.
Um tribunal de recurso do estado norte-americano de Missouri concluiu que a Johnson & Johnson tinha "vendido conscientemente produtos contendo amianto aos consumidores", causando "graves problemas físicos, mentais e emocionais".
A venda do pó de talco para bebés da Johnson & Johnson foi suspensa em todo o mundo em 2023, dois anos depois de já estar proibida nos Estados Unidos e Canadá.