As bombas utilizadas pelas forças de Israel no ataque aéreo que vitimou pelo menos 45 palestinianos num campo de deslocados, em Rafah, na noite de domingo (dia 26 de maio), terão sido fornecidas pelos Estados Unidos da América (EUA), de acordo com uma análise feita às imagens do bombardeamento por vários meios de comunicação norte-americanos.
Pelo menos 45 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na sequência de um incêndio provocado por um ataque militar israelita contra um campo de deslocados no sul da Faixa de Gaza, conhecido como "Campo de paz do Kuwait 1".
Agora, a CNN Internacional e a Sky News, com recurso a imagens do momento, constataram que algumas das bombas usadas no ataque foram fornecidas por Washington, um dos principais aliados de Israel.
Quatro especialistas, incluindo um antigo membro da equipa de desativação de engenhos explosivos do exército dos EUA, analisaram imagens para a CNN Internacional e concluíram que foram utilizadas bombas de pequeno diâmetro GBU-39 de fabrico norte-americano no fatídico episódio de domingo.
Este engenho explosivo foi concebido para atacar "alvos pontuais estrategicamente importantes" causando poucos danos colaterais, disse à CNN o especialista em armas explosivas Chris Cobb-Smith.
Contudo, "a utilização de qualquer munição, mesmo desta dimensão, implicará sempre riscos numa zona densamente povoada", acrescentou Cobb-Smith, que é também um antigo oficial de artilharia do exército britânico.
Os especialistas também conseguiram apurar que os números de série das bombas correspondem aos de um fabricante sediado na Califórnia.
A Sky News, que também recorreu a vários especialistas para determinar que Israel usou CBU-39 de fabrico norte-americano, nota que Telavive recebeu 1.000 exemplares deste engenho explosivo, em 2023.
EUA não confirmam notícia
Na terça-feira, questionada sobre esta situação, Sabrina Singh, porta-voz do Pentágono, não confirmou que as bombas usadas contra o campo de deslocados foram fabricadas nos EUA.
"Em termos deste ataque em particular, não tenho mais informações para vos dar", disse a porta-voz aos jornalistas em conferência de imprensa.

Israel diz que incêndio não foi provocado pelo ataque aéreo
Por sua vez, Israel, através do porta-voz militar, Daniel Hagari, num vídeo divulgado pelo exército israelita, garantiu que o incêndio em questão não poderia ter sido provocado pelas bombas de pequenas dimensões de 17 quilos utilizadas no ataque.
"Estamos a analisar todas as possibilidades, incluindo a possibilidade de as armas armazenadas num complexo próximo do nosso alvo, de que não tínhamos conhecimento, poderem ter deflagrado na sequência do ataque", revelou.
No mesmo vídeo, o porta-voz indicou que a operação levada a cabo no campo de deslocados teve como alvo um local onde se encontravam dois membros de topo do Hamas e onde, frisou, não estavam civis. No entanto, "devido a circunstâncias imprevistas" o trágico incêndio deflagrou e alastrou à zona das tendas onde estavam, maioritariamente, crianças e mulheres.
Em abril, o Presidente norte-americano, Joe Biden, aprovou um pacote de ajuda de 26 biliões de dólares (cerca de 24 biliões de euros) destinado exclusivamente ao conflito no Médio Oriente – 15 biliões de euros para ajuda militar a Israel, nove para ajuda humanitária em Gaza e 2,4 biliões para operações militares regionais dos EUA.
