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Segunda Cimeira da Paz pode acontecer "com o envolvimento da China e com a participação da Rússia"

Para Pedro Cordeiro, na Cimeira da Paz, que aconteceu este fim de semana, houve "falta de unanimidade". O editor de Internacional do Expresso fala dos pontos importantes que constam no documento final e da possibilidade de uma segunda cimeira já "com o envolvimento de países como a China e mesmo com a participação da Rússia".

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Na Cimeira da Paz que aconteceu este fim de semana, na Suíça, marcaram presença 92 países, e quase 60 chefes de Estado e de Governo. Pedro Cordeiro diz que esta Cimeira "não nos põe mais perto de uma paz na Ucrânia que a generalidade possa considerar justa".

O editor de Internacional do Expresso aborda os pontos mais relevantes do documento final que saiu do encontro e explica que estes "são aquilo que Zelensky tem vindo a pedir nos últimos tempos e que as democracias ocidentais subscrevem, mas que a Rússia não quer saber".

"Mesmo países que já condenaram a invasão, recusam-se a apoiar [os pontos do documento] no sentido em que não estão dispostos a empenhar-se muito numa série de exigências que são difíceis de conseguir forçar a Rússia a conceder. Esses países também não estão dispostos a empenhar-se no sentido de fornecer meios ou de se envolverem mais no conflito para ajudar a Ucrânia a alcançar esses objetivos", acrescenta.

Este documento final não foi assinado por países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, México e Brasil. Pedro Cordeiro afirma que estes países “tiveram sempre uma posição de não apoiar esta invasão”, mas ficam "por essa condenação".

Estes países "não se envolveram nem se empenharam como os países da NATO, a maioria dos membros da União Europeia que forneceram meios a Kiev (...) esse envolvimento não é, nem nunca foi de esperar em países como o Brasil, como o México, como a Indonésia, que são países que olham para este conflito com olhos completamente diferentes dos nossos".

No caso da Arábia Saudita, o país pode ganhar alguma importância, uma vez que, se ofereceu para receber uma próxima Cimeira da paz, já com a participação da Rússia. A decisão de ficar fora do texto final pode ajudar à aceitação da Rússia a participar nesta próxima cimeira.

"Ficar dentro do texto provavelmente inviabilizaria a posição da Arábia Saudita como um mediador a quem a Rússia desse ouvidos."

O editor de Internacional do Expresso acredita que esta segunda cimeira pode mesmo vir a acontecer mas já "com o envolvimento de países como a China e mesmo com a participação da Rússia" porque uma "cimeira de paz entre países que estão em guerra tem mais probabilidades de trazer a paz se os países envolvidos na guerra lá estiverem todos".

"O que eu não sei é se alguma cimeira poderá levar a uma paz que as democracias ocidentais e a Ucrânia, principalmente, considerem justa. Há o risco de esta guerra acabar com um acordo de paz que à maioria dos democratas pareça uma coisa injusta", sustenta.

Ao terminar a análise, Pedro Cordeiro fala sobre a situação no Médio Oriente, onde as forças de defesa israelitas anunciaram pausas táticas para a entrada de mais ajuda humanitária mas Netanyahu disse que nada disso tinha sido aprovado pelo Governo. O editor defende que esta situação deixa "claro que a preocupação humanitária de Netanyahu é nula e que, de facto, o seu Governo parece estar a desmoronar-se aos poucos".