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Pergunta para 95 milhões: o que vai acontecer ao dinheiro da campanha de Biden?

Ao assumir a campanha de Joe Biden, Kamala Harris fica com o controlo do dinheiro. Mas será assim tão fácil? Especialistas discordam sobre a possibilidade da atual vice-presidente pode vir a ter problemas legais.

Joe Biden
Joe Biden
Elizabeth Frantz

A campanha para a reeleição de Joe Biden tinha os “cofres cheios” quando o Presidente anunciou que ia desistir da corrida à Casa Branca. Mas e agora? O que acontece aos milhões de dólares? Passam diretamente para a (possível) candidata democrata Kamala Harris? Especialistas ouvidos pela agência Reuters acreditam que esta é uma situação que pode levantar “desafios legais” sobre como o dinheiro é gasto.

Quando revelou que ia desistir de ser candidato às eleições presidenciais de novembro,Joe Biden anunciou logo o seu apoio a Kamala Harris, que assumiu, rapidamente, o controlo da campanha do Presidente.

Após o anúncio, a atual vice-presidente respondeu positivamente e afirmou que queria “derrotar Trump”, o candidato republicano. Esta segunda-feira, conseguiu o apoio de um número suficiente de delegados para se tornar a candidata do Partido Democrata.

Quanto dinheiro tinha a campanha de Biden?

No sábado passado, a campanha de Biden comunicou à Comissão Federal de Eleições (FEC, na sigla em inglês) que tinha 95 milhões de dólares (cerca de 87 milhões de euros) no banco, no final de junho.

Apesar do montante significativo, fica abaixo dos 128 milhões de dólares (cerca de 118 milhões de euros) que a campanha de Trump comunicou à FEC.

Como Harris assumiu o controlo do dinheiro de Biden?

Logo após o Presidente norte-americano desistir da corrida, a campanha preencheu uma série de formulários da FEC, que retiraram o nome de Biden dos documentos e substituíram para o de Harris: de “Biden a Presidente” a “Harris a Presidente”.

Mas a transferência do dinheiro é assim tão fácil?

Ouvidos pela agência Reuters, especialistas em legislação de financiamento de campanhas discordam sobre a possibilidade de Harris poder vir a ter problemas legais.

O advogado Saurav Ghosh, de um grupo apartidário, esclarece que, como Harris já fazia parte da campanha “Biden a Presidente” enquanto candidata a vice-presidente, o seu direito ao dinheiro estará assegurado.

“Qualquer pessoa que conteste a legalidade disto tem poucas probabilidades de sucesso.”

Charlie Spies, advogado de financiamento de campanha dos republicanos, afirma que o Partido Republicano irá, provavelmente, contestar a transferência do controlo do dinheiro para Harris.

Os argumentos serão que Biden era, na altura das doações, o único candidato legal. “[O dinheiro] foi angariado no seu nome”, justifica Spies.

Apesar das divergências, os dois advogados concordam numa coisa: será pouco provável que o regulador eleitoral resolva a questão antes das eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.

O que pode acontecer ao dinheiro em caso de ser outro candidato?

Apesar do apoio que Harris alcançou nos últimos dias para a sua candidatura, ainda é possível que surja um diferente candidato democrata e que vença a nomeação oficial do partido. De acordo com as regras, que limitam o valor e quantidade das contribuições para as campanhas, um outro candidato democrata só poderia receber uma parte dos 95 milhões de dólares.

Kamala Harris tem ainda as opções de reembolsar os doadores ou transferir uma quantia ilimitada para o Partido Democrata, que poderia gastar o dinheiro com o candidato democrata.

Campanha de Kamala angaria valor recorde em 24 horas

Dois dias após o anúncio de Biden, a campanha de Harris anunciou que foram angariados 81 milhões de dólares (cerca de 74 milhões de euros) nas primeiras 24 horas.

De acordo com o jornal The Guardian, este será um valor recorde de angariação de fundos nas primeiras 24 horas de uma candidatura presidencial norte-americana.