Mundo

Glaciares da cordilheira dos Andes estão a derreter e a colocar milhões de pessoas em risco

Tudo por causa do aumento das temperaturas. À medida que as temperaturas médias aumentam, a taxa de derretimento acelera e torna-se inevitável o declínio da massa glaciar.

Loading...

A imponente montanha El Plomo no Chile, de 5.400 metros, é um dos picos mais altos da região metrolpolitana de Santiago.

Coberta de glaciares e com vestígios arqueológicos é popular entre alpinistas e foi escalada durante séculos. Mas com as alterações climáticas, os glaciares da montanha estão a perder terreno e a recuar mais rápido do que o esperado.

O gelo do solo está a derreter e há agora deslizamentos de terra e enormes buracos que vão acabar por impedir que o antigo caminho até ao cume seja percorrido.

“Há quatro ou cinco anos nevava muito aqui. A partir daqui, começávamos a subir com crampons. A neve era cada vez menor, mas agora não há neve nenhuma”, disse Rusbel Vidal que é guia na montanha.

“Possivelmente dentro de 3 meses isto vai acabar por se transformar em água”, acrescentou Maximo Hinostroza, também guia.

Também pessimista está Francisco Gallardo, um senhor de 60 anos que trabalha na montanha desde os 14, teme agora que a família seja obrigada a sair de casa.

“Calculo que mais dez anos e adeusinho, o glaciar desaparece”, garantiu.

À medida que as temperaturas médias aumentam, a taxa de derretimento acelera e torna-se inevitável o declínio da massa glaciar.

Os glaciares nos Andes são a fonte de água para milhões de pessoas nas regiões circundantes.

"Quando nenhum de nós já for vivo, tudo isto terá desaparecido", disse Osvaldo Segundo Villegas.

A chuva tem sido também um sinal de alerta.

“O facto de as gotas de chuva caírem a 5.000 metros (de altitude), ou a 4.800 metros não é de todo comum ou natural”, esclareceu Edson Ramirez, especialista em gestão de riscos.

A cordilheira dos Andes alberga aproximadamente 99% dos glaciares tropicais do mundo. Para além do abastecimento de água potável, afeta também a agricultura, a energia hidrelétrica e os ecossistemas locais.