No Bangladesh, a revolta popular tem agora como alvo a minoria Hindu que vive no país. Desde que a primeira-ministra foi forçada a demitir-se e a fugir do país, os apoiantes do partido têm sido perseguidos.
Arobinda Mohalder trabalhava para o governo do Bangladesh como auditor. Mas quando o sistema caiu, o povo revoltou-se contra todos aqueles que tinham ligações ao partido da Liga Awami, que estava no poder. Para além de antigo trabalhador do Governo, Arobinda pertence à minoria Hindu do Bangladesh.
Temendo pela própria segurança, fugiu com a família. Voltaram, depois, para descobrir que a casa tinha sido incendiada.
Para os Hindus, a situação piorou desde que a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, "a dama de ferro" do partido, deixou o país. Demitiu-se no início do mês, após semanas de protestos violentos no país e mais de 400 mortes. Era a grande defensora deste povo, que agora se sente vulnerável.
Os ataques contra os hindus não têm motivações religiosas. São ataques políticos que refletem o sentimento contra o partido da ex-primeira-ministra.
Por agora, o Bangladesh tem um Governo interino que tem em mãos o desafio de devolver a estabilidade ao país e proteger o povo.
O que começou por ser um protesto estudantil contra um sistema de quotas de emprego público, há algumas semanas, rapidamente se transformou numa rebelião.
É o retrato de um território marcado pela revolta e pelos 15 anos de governação de Sheikh Hasina, que está asilada na Índia.