A aplicação Strava, usada por milhões de pessoas para registar treinos de corrida, caminhada e ciclismo, serve como um género de rede social onde é possível monitorizar as atividades desportivas e partilha-lhas com outras pessoas. Até aqui parece tudo bem, mas e se quem utiliza esta plataforma não desliga o compartilhamento de localização em tempo real? A resposta é simples: por onde vai andando, os passos vão ficando registados e qualquer pessoa vai ter acesso. Foi exatamente isso que aconteceu com vários seguranças de líderes mundiais.
Olivier Bonamici, comentador desportivo da SIC, explicou como os dados gerados por esta aplicação podem ser cruzados para identificar a localização e movimentos dos líderes políticos e o quão "perigoso" isso pode ser para eles.
No caso do presidente francês, Emmanuel Macron, por exemplo, os seus passos foram revelados a partir da análise dos treinos realizados por 20 dos seus seguranças, que estavam registados na Strava.
"Estamos a falar de dois jovens jornalistas que com apenas um computador e telemóveis que conseguiram isto", sublinhou Olivier.
A investigação mostrou que, além de Macron, outros presidentes, como Joe Biden e Donald Trump, também foram alvos da aplicação. Dados como a localização dos hotéis em que se hospedam e os trajetos percorridos pelos seus guarda-costas que foram compartilhados na aplicação são suficientes para chegar aos locais onde estão estas figuras políticas, explicou Olivier.
De acordo com o comentador, é possível que os líderes e os seus seguranças ajustem as configurações de privacidade da aplicação, mas muitos ainda não o fazem, o que levanta sérias preocupações sobre a vulnerabilidade causada por falhas de segurança digitais.