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Lei marcial na Coreia do Sul? "Foi uma tentativa falhada de concentrar poderes"

O presidente da Coreia do Sul impôs, esta terça-feira, a lei marcial, alegando proteção contra ameaças da Coreia do Norte. A medida gerou surpresa e protestos, e acabou por ser levantada. Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Expresso, considera a justificativa de Yoon Suk-yeol "vaga e espúria", acusando-o de uma "tentativa falhada de concentrar poderes e evitar o escrutínio democrático".

Yoon Suk-yeol, Presidente da Coreia do Sul.
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O presidente da Coreia do Sul declarou, esta terça-feira, lei marcial no país, alegando que a decisão foi uma medida de proteção contra as forças comunistas da Coreia do Norte. No entanto, a decisão causou uma onda de surpresa e protestos, especialmente entre os deputados da oposição, tendo suspendido a lei pouco depois.

O editor de Internacional do Expresso, Pedro Cordeiro, explicou, na Edição da Manhã, da SIC Notícias, que após o anúncio, os deputados opositores se reuniram rapidamente no Parlamento e, num movimento quase imediato, aprovaram uma moção para revogar a lei marcial.

"Tudo isto num cenário caótico em que os militares cercavam o Parlamento para tentar impedir a sessão e, ao mesmo tempo, iam se juntando pessoas a apoiar a oposição e a criticar a medida do presidente", descreveu o jornalista.

Pedro Cordeiro acredita que a justificativa apresentada pelo Presidente para a imposição da lei marcial foi "vaga e espúria" para "conseguir uma concentração de poderes e contornar o escrutínio da oposição".

"Parece-me a ter havido uma tentativa falhada de concentrar poderes e evitar o escrutínio democrático", disse ainda.

Já esta quarta-feira, o chefe de gabinete e alguns dos principais conselheiros do Presidente da Coreia do Sul "apresentaram a demissão" conjunta, depois do presidente recuar na imposição da lei marcial.

Seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram, esta quarta-feira, uma moção para a destituição de Yoon Suk-yeol, "acusando-o de traição e de violar a Constituição", frisou Pedro Cordeiro.

A situação é delicada não apenas no âmbito nacional, mas também no contexto internacional, como aponta o jornalista.

"A Coreia do Sul é um aliado dos Estados Unidos, da NATO, do Japão e da Austrália, que são os principais aliados do Ocidente no Extremo Oriente, e, portanto, qualquer desestabilização daquele país não é boa notícia para a estabilidade mundial", concluiu.