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Análise

Guerra comercial: Trump vai conseguir acabar com a globalização?

Quais serão as consequências das taxas aduaneiras aplicadas pelos EUA sobre os produtos importados de vários países? Será que a carteira dos consumidores norte-americanos não irá sentir o impacto? O jornalista da TSF Ricardo Alexandre analisa o que poderá acontecer já a partir desta terça-feira, dia em que muitos produtos vão começar a ser taxados.

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Está aberta uma guerra comercial entre os EUA e o resto do mundo. Canadá, México e China já responderam e dizem que vão retaliar contra as tarifas impostas pela nova administração Trump. O jornalista da TSF e comentador SIC Ricardo Alexandre alerta que os preços vão ficar igualmente mais altos para os consumidores norte-americanos, até porque "a reciprocidade é uma característica das relações internacionais".

Quanto aos efeitos no mercado global, Ricardo Alexandre sublinha que poderão existir "momentos em que outros blocos que não são atingidos por essas tarifas possam recolher alguns benefícios no curto prazo", como é o caso da União Europeia.

No entanto, "a médio e longo prazo, o que vamos ter é o fim da globalização como a concebemos, numa economia aberta, verdadeiramente globalizada, e vamos regressar aos protecionismos", refere o jornalista.

Porém, recorde-se que Donald Trump já admitiu que a UE não está livre dessas taxas aduaneiras, apesar do chanceler alemão Olaf Scholz ter garantido ao presidente norte-americano que a União Europeia tem as suas próprias opções de ação, ou seja, "virar-se para outros mercado e ignorar tanto quanto possível as importações dos Estados Unidos", algo que o o presidente do Conselho Europeu, António Costa, também já tinha admitido, explica o comentador SIC na Edição da Manhã.

Médio Oriente: Netanyahu nos EUA para negociações

Benjamin Netanyahu vai encontrar-se nos EUA com o presidente norte-americano e com Steve Witkoff, enviado de Donald Trump ao Médio Oriente, iniciando-se assim a segunda fase do acordo, que será "a mais difícil de ser implementada em termos políticos", reconhece o jornalista da TSF.

"Começam hoje [segunda-feira] as negociações. Steve Witkoff vai conversar com Benjamin Netanyahu e depois dessa conversa vai contactar os interlocutores do Egito e do Qatar e é por essa via que depois a informação chega ao Hamas. Esta segunda fase pressupõe a libertação de todos os restantes reféns", destaca Ricardo Alexandre, acrescentando que são ainda cerca de 70 que estão em cativeiro.

Alemanha: aproximação entre CDU e AFD?

Na Alemanha, milhares de pessoas saíram às ruas na semana passada para se manifestarem contra a cooperação entre o partido conservador e a extrema-direita na aprovação de uma nova legislação sobre imigração. Os manifestantes acusam o líder democrata-cristão, Friedrich Merz, de quebrar um pacto que vigora na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que impede qualquer colaboração com partidos extremistas.

Apesar de muitos temerem que poderá haver uma futura coligação nas eleições do dia 23 de fevereiro, o jornalista afasta essa hipótese.

"A CDU não se vai coligar com a AFD", mas o que pode acontecer é que no futuro, num governo em que a CDU tivesse mais força, [pudesse] existir acordos pontuais com a extrema-direita", admite Ricardo Alexandre.

"Trump diz que a UE pode estar na mira das sanções, mas não é claro. As justificações são contraditórias"