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Quem são as principais figuras das eleições na Alemanha?

Da esquerda à direita, saiba quem são as figuras que estão em destaque nas eleições antecipadas na Alemanha que se realizam este fim de semana.

Quem são as principais figuras das eleições na Alemanha?
Sean Gallup

As eleições antecipadas na Alemanha estão marcadas para este domingo e são vários os temas em cima da mesa. Desde migrações, a uma recessão económica a entrar no terceiro ano, passando pela subida da extrema-direita.

As sondagens apontam que será o líder conservador, Friedrich Merz, a suceder ao social-democrata Olaf Scholz à frente do Governo, mas a União Democrata-Cristã (CDU) precisará de parceiros de coligação.

Quem são principais figuras que concorrem ao lugar de chanceler:

Olaf Scholz

Aos 66 anos, o líder do Partido Social-Democrata (SPD) recandidata-se ao cargo de chanceler, depois da queda, no final do ano passado, da coligação tripartida (conhecida como "coligação-semáforo"), com os Verdes e os liberais do FDP, que se desfez após desentendimentos sobre o afrouxamento das rígidas regras da dívida alemã.

Antes, foi ministro do Trabalho e, mais tarde, vice-chanceler e ministro das Finanças em governos de coligação SPD/CDU liderados por Angela Merkel.

O seu desempenho na área económica e a forma pragmática com que lidou com a crise da pandemia de covid-19 renderam-lhe elogios e altos índices de aprovação. Sob a liderança de Scholz, a Alemanha tornou-se o maior fornecedor de ajuda europeu à Ucrânia, após a invasão da Rússia, há três anos.

No domingo passado, num frente-a-frente tenso com o líder da CDU, e favorito nas sondagens, Friedrich Merz, disse que já não podia confiar no seu adversário, que acusou de ter rompido o "cordão sanitário" à extrema-direita, ao ter aceitado os votos da Alternativa para a Alemanha (AfD) em propostas para endurecer a imigração, mas o SPD continua a ser um potencial parceiro para reeditar um governo de coligação com a CDU.

Friedrich Merz

A CDU tem estado sempre à frente nas sondagens, com intenções de voto a rondar os 30%, o que faz do seu líder, Friedrich Merz, 69 anos, o provável próximo chanceler alemão. Histórico rival de Angela Merkel, Merz só foi eleito líder da CDU à terceira tentativa.

Em 2010, foi demitido da presidência do grupo parlamentar por Merkel e abandonou a política, envolvendo-se no mundo das finanças, onde fez fortuna. Abandonou a postura mais ao centro de Merkel e inclinou-se para a direita.

Concorre às eleições sob o lema "Uma Alemanha de que nos podemos orgulhar novamente". Entre as suas promessas, estão o polémico endurecimento da imigração, a redução de impostos e o corte de 50 mil milhões de euros em despesas sociais, numa tentativa de relançar a economia alemã, há dois anos em recessão. Prometeu também reforçar a ajuda à Ucrânia.

Apesar das críticas dos restantes partidos tradicionais e da própria Merkel e de manifestações com centenas de milhares de pessoas a condenar a aproximação à extrema-direita, Merz não perdeu popularidade. "Subimos nas sondagens. Não pode ter sido assim tão errado", defendeu-se.

Alice Weidel

Lésbica, com uma companheira originária do Sri Lanka e dois filhos adotivos e residente na Suíça, a candidata a chanceler e co-líder da AfD - juntamente com Tino Chrupalla -, tem um perfil atípico no seu campo político.

Com 45 anos, Alice Weidel é apelidada de "dama de ferro" e disse no passado que o seu modelo era a antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e a sua reestruturação forçada da economia do Reino Unido.

A AfD surge em segundo lugar nas sondagens, com 20% a 22% das intenções de voto, mas não parece ter hipótese de governar, uma vez que os restantes partidos recusam coligações com a extrema-direita.

Recebeu apoio explícito do multimilionário Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, que lhe deu plataforma na sua rede social X. Num debate com Musk, descreveu Adolf Hilter como "comunista" e "socialista", o que lhe valeu acusações de revisionismo histórico.

A candidata da extrema-direita apoia plenamente a ideia de expulsão em massa de estrangeiros: "Digo muito honestamente que, se tiver de se chamar remigração, então chamar-se-á remigração", disse, defendendo abertamente este termo altamente controverso.

Propõe acabar com as sanções impostas à Rússia na sequência da invasão da Ucrânia e defende a saída da Alemanha da União Europeia. Os apoiantes aplaudem-na com o 'slogan' "Alice für Deutschland" ("Alice para a Alemanha"), que soa semelhante a um 'slogan' nazi proibido, "Alles für Deutschland" ("Tudo para a Alemanha").

Robert Habeck

O candidato dos Verdes teve um papel fundamental no governo cessante de Scholz, como vice-chanceler e ministro da Economia. Com 55 anos, Habeck é o centro da campanha dos Verdes, que gozam de 12% a 14% das intenções de votos, disputando o terceiro lugar com o SPD de Scholz.

Mas a popularidade do candidato é superior: as sondagens colocam-no em segundo lugar, atrás de Merz, como escolha para liderar o país, com 24%.

Com uma posição firme no apoio à Ucrânia, é também um defensor fervoroso da União Europeia. Os Verdes, tal como o SPD, pretendem introduzir um fundo público especial de financiamento da dívida para modernizar as infraestruturas da Alemanha e fazer a transição do país para a neutralidade.

Perante críticas, o partido recuou em algumas das suas políticas climáticas mais duras. A sua relação com Merz é distante, após ter criticado a aproximação à extrema-direita do líder conservador, mas os Verdes mantém-se como potenciais parceiros da CDU.

Sahra Wagenknecht

Sahra Wagenknecht, dissidente do partido A Esquerda, de que tinha sido uma das figuras mais destacadas, fundou, há um ano, a BSW, aliança com o seu nome, considerada "conservadora de esquerda".

Polémica, a candidata de 55 anos assume posições anticapitalistas, pacifistas e pró-russas, e, quanto à imigração, aproxima-se da extrema-direita. Critica a suposta arrogância das elites e um militarismo ocidental considerado perigoso.

Numa entrevista à agência AFP em setembro, Wagenknecht reconheceu que "Vladimir Putin lançou uma guerra contrária ao direito internacional", ao mesmo tempo que considerou que "o Ocidente tem a sua quota-parte de responsabilidade", por não ter "levado a sério as preocupações de segurança da Rússia".

Depois dos bons resultados nas eleições regionais, o BSW estabeleceu-se como árbitro nos parlamentos dos Länder (estados) da Turíngia e de Brandemburgo, o único parceiro possível dos partidos políticos que não queriam acordos com a extrema-direita.

A nível nacional, no entanto, o apoio à formação da esquerda populista parece estar a abrandar: em setembro, as sondagens previam até 10% dos votos, mas atribuem agora uma intenção de votos de 5%, o limiar para entrar no Bundestag (câmara baixa do parlamento).

O partido tem apenas 1.100 membros e cerca de 25.000 apoiantes registados e em muitas regiões ainda não possui estruturas.

Com Lusa