Catarina Castro, analista de mercados e comentadora SIC, explicou a estratégia de Donald Trump ao suspender temporariamente as tarifas para alguns países, destacando o impacto desta decisão nas taxas de juros e nos mercados financeiros.
Segundo a especialista, o objetivo inicial da medida era "que a curva de taxas de juros do soberano norte-americano, portanto, a dívida a dez anos, a 30 anos, caíssem da mesma forma como os mercados de commodities em geral, patrocinados pelo efeito do petróleo".
Contudo, isso trouxe consigo um efeito colateral, sem relevância para Trump, mas importante: a volatilidade no mercado bolsista.
A comentadora SIC apontou que o impacto real da estratégia de Trump começou a ser sentido com a resposta agressiva da China:
" Ao contrário daquilo que estava a acontecer, as curvas de taxa de juros no mercado norte-americano começam a subir e a entrar num ponto muito crítico, e quando isso aconteceu, foi quando Donald Trump decidiu parar", afirmou Catarina Castro.
Para a entrevistada, há um "movimento claramente geopolítico de força e de centralidade dos EUA no mundo", e como o perfil de Trump não vai mudar, têm de se começar a antecipar os impactos, como a contração da economia.
Que apoios o Governo português às empresas?
Em relação a Portugal, a analista discutiu as possíveis medidas de apoio que o Governo deverá implementar às empresas diante das incertezas criadas pela estratégia comercial de Trump.
Segundo a mesma, é essencial apoiar a tesouraria das empresas, especialmente nas áreas de exportação, renovação e inovação do tecido empresarial, sublinhando que o apoio será necessário não apenas a nível económico, mas também social.
Catarina Castro alertou, ainda, que muitas empresas, especialmente em setores mais vulneráveis, poderão não sobreviver sem apoio financeiro.
A analista ressaltou que o processo de reestruturação do tecido empresarial é saudável, mas será fundamental garantir mecanismos de transição e empregabilidade para aqueles que perderem os seus postos de trabalho.