Localizada na região de Puno, no Peru, La Rinconada é considerada a cidade mais alta do mundo. Fica a 5.168 metros do nível do mar, isolada no cimo da Cordilheira dos Andes. As temperaturas podem chegar a -11ºC e a altitude extrema provoca défices de oxigénio na região.
Mas estas não são as únicas dificuldades para os cerca de 30 a 50 mil habitantes de La Rinconada, onde a expectativa de vida não ultrapassa os 35 anos. A maioria dos locais vive em pobreza extrema e não têm acesso a serviços básicos, como água potável e recolha de lixo, segundo o jornal peruano La Republica.
O lado negro da extração de ouro
A economia local gira em torno da extração informal de ouro. A maioria dos trabalhadores tem contratos informais, com condições precárias de trabalho e segurança, relata uma reportagem da National Geographic.
O sistema laboral é conhecido como "cachorreo": os trabalhadores não recebem ordenado, apenas a promessa de ficar com o ouro encontrado em um ou dois dias do mês. Ainda assim, várias pequenas empresas têm permissão do Governo para operar na região.
Os níveis de intoxicação entre os mineradores, devido ao mercúrio utilizado na extração do ouro, também são preocupantes.
Ainda assim, muitas pessoas continuam a aceitar trabalhar nessas condições, na esperança de, entre a incerteza e a pobreza, conseguir mudar de vida. É o caso de Juvenal Quispe, um mineiro que ganhou 27.000 sóis peruanos (cerca de 6.546 euros) num único dia.
“Eu fui o único que encontrou esta quantia de ouro. Tive medo, porque é perigoso em La Rinconada. Fui ao lugar onde vendem ouro, pesaram e disseram-me: ”tens 27 mil sóis". Antes, passei um ano sem ganhar nada", conta ao La Republica o mineiro, que usou o dinheiro para comprar terrenos em Juliaca.
Violência e exploração sexual
La Rinconada, também conhecida como o 'Paraíso do Diabo', enfrenta um problema de segurança pública, sendo um dos locais mais violentos do Peru.
De acordo com o La Republica, entre 16 de junho de 2024 e 15 de junho de 2025, a localidade registou uma taxa de homicídios de 52,9 por 100 mil habitantes, a mais alta do país.
Os casos de exploração sexual são recorrentes. Em 2021, cerca de 2.000 jovens mulheres, algumas menores de idade, trabalhavam em bordéis disfarçados de bares, de acordo com a National Geographic.