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Exército do Nepal com forte presença nas ruas de Katmandu após distúrbios violentos

Restabelecimento das plataformas sociais Facebook, X ou YouTube, promessa de uma investigação sobre a violência policial e a saída de Oli não travou grupos de jovens manifestantes.

Exército do Nepal com forte presença nas ruas de Katmandu após distúrbios violentos
Greg Baker/AP

O exército nepalês patrulhou esta quarta-feira de manhã as ruas da capital, Katmandu, após um dia de violentos distúrbios marcado pela demissão do primeiro-ministro do país, KP Sharma Oli.

A polícia nepalesa reprimiu brutalmente na passada segunda-feira manifestações que denunciavam a decisão do governo de bloquear as redes sociais e a corrupção das elites, causando, pelo menos, 19 mortos e centenas de feridos.

Apesar do restabelecimento das plataformas sociais Facebook, X ou YouTube, da promessa de uma investigação sobre a violência policial e da saída de Oli, grupos de jovens manifestantes saquearam na terça-feira edifícios públicos e residências de dirigentes políticos nepaleses.

O Parlamento foi incendiado, assim como a residência do primeiro-ministro demissionário, segundo constataram jornalistas da AFP.

Na quarta-feira, as ruas da capital estavam repletas de destroços de veículos e barricadas, e ainda havia fumo a sair dos edifícios incendiados ou das lojas saqueadas durante os motins, de acordo com o testemunho da mesma agência de notícias.

"Está calmo esta manhã, o exército está por toda a parte nas ruas", disse à AFP um militar destacado numa barricada, que se recusou a revelar a sua identidade por não estar autorizado a falar com a comunicação social.

Não foi até agora divulgado qualquer balanço oficial dos tumultos.

O exército do Nepal apelou na terça-feira à população do país nos Himalaias com 30 milhões de habitantes para que mantivesse a calma e alertou contra "atividades que poderiam levar o país à revolta e à instabilidade".

Chefe do Estado-Maior nepalês pede que "recuperem a calma e encetem um diálogo"

Numa mensagem de vídeo, o chefe do Estado-Maior nepalês, general Ashok Raj Sigdel, apelou a "todos os grupos envolvidos nas manifestações para que recuperem a calma e encetem um diálogo".

De volta ao poder em 2024, KP Sharma Oli, com 73 anos, explicou que se demitia "para que pudessem ser tomadas medidas com vista a uma solução política".

O Presidente do país, Ramchandra Paudel, também exortou "todos, incluindo os manifestantes, a cooperarem para uma resolução pacífica da difícil situação do país".

Outros apelos à calma e à contenção foram feitos pela ONU e pela vizinha Índia.

"A estabilidade, a paz e a prosperidade do Nepal são de importância capital para nós", sublinhou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

A situação política continua muito incerta no Nepal, enquanto se aguarda um sucessor para o chefe do governo demissionário.

Presidente da Câmara de Katmandu desde 2022, o antigo engenheiro e rapper Balendra Shah, de 35 anos, também apelou à população para que "desse provas de contenção".

"Estejam prontos (...) para assumir as rédeas do país", lançou no Facebook, apresentado como uma figura incontornável da transição que se avizinha.