O principal suspeito de ter assassinado o ativista conservador Charlie Kirk foi detido 33 horas depois do ataque. Antes da detenção confessou tudo através de mensagens trocadas com o colega de quarto com quem teria alegadamente uma relação amorosa, revelam agora documentos judiciais.
Nessas mensagens, divulgadas pela Reuters e BBC, Robinson assume ter matado Kirk, revela a possível motivação do crime e conta quase ao detalhe como planeou o ataque e como fugiu depois de atirar contra o ativista.
Apesar de ter pedido silêncio total ao colega, este terá dito aos investigadores que Tyler Robinson o alertou para uma mensagem escondida sob o teclado onde assumia a autoria do crime da passada quarta-feira no campus da Universidade Utah Valley, na cidade de Orem.
No registo das mensagens, o colega de quarto questiona diretamente o suspeito sobre se foi mesmo ele a matar Kirk. Robinson foi claro: "Sim, desculpa."
"Estou bem, meu amor, mas vou ficar retido em Orem mais um bocadinho. Não deve demorar muito para eu poder voltar para casa, mas ainda preciso de ir buscar a minha espingarda. Para ser sincero, esperava guardar este segredo até morrer de velhice. Desculpa ter-te envolvido", lê-se na mensagem enviada horas antes de ser detido e da arma ter sido recolhida.
Incrédulo, o colega de quarto afirma que já apanharam o suspeito, referindo-se ao primeiro indivíduo detido que foi depois libertado. Robinson explica que as autoridades apanharam "um velho maluco e interrogaram alguém com roupas parecidas" às suas, mas não o verdadeiro autor do homicídio, ele próprio.
"Farto do ódio" de Kirk
Sobre a motivação, até agora desconhecida para as autoridades, justificou que estava "farto do ódio" de Kirk e que "alguns ódios não podem ser negociados".
No rol de mensagens, o suspeito menciona a intenção de recuperar a espingarda - que era do avô - "sem ser visto" para não deixar "nenhuma prova" e que já estava a preparar o ataque há "pouco mais de uma semana".
"Estou preocupado com o que meu pai fará se eu não recuperar a espingarda do meu avô... Não sei se tinha número de série, mas não me identificariam. Estou preocupado com as impressões digitais. Tive que deixá-la num arbusto onde troquei de roupa. Não tive tempo nem condições de trazê-la comigo... Talvez eu tenha que abandoná-la e esperar que não encontrem impressões digitais", escreveu apontando que deixou a arma "enrolada numa toalha".
Robinson fala ainda do momento em que gravou as balas com mensagens, que, segundo as mensagens, terá sido presenciado pelo colega de quarto. Além disso, aborda o desempenho da arma do avô que "funciona muito bem".
No fim, o jovem pede amigo que apague aquela troca de mensagens pois o FBI tinha revelado imagens da arma, estando mais próximo de ser identificado.
"Vou entregar-me voluntariamente", indicou.
A série de mensagens termina com um pedido dirigido ao colega de quarto: "não fales com a comunicação social, por favor. Não dês entrevistas nem faças comentários. Se algum polícia te fizer perguntas, pede um advogado e fica em silêncio."