O Presidente argentino Javier Milei anunciou planos para aumentar, em 2026, a despesa pública em alguns setores-chave como saúde, educação e pensões, uma decisão que vinca uma mudança drástica de direção após quase dois anos de austeridade fiscal e de cortes profundos no orçamento.
"O pior já passou", reiterou Milei durante uma sessão do Congresso, pouco mais de uma semana depois da derrota do seu recém-formado partido, La Libertad Avanza, nas legislativas na província de Buenos Aires.
Milei assegurou que “o capital humano é a prioridade” do Governo que lidera e anunciou aumentos de 17% nos investimentos em saúde, 8% em educação e 5% em pensões.
Além destas subidas, o Governo argentino vai também aumentar o apoio para pessoas com deficiência 5% acima do valor da inflação.
“Derrota clara” em Buenos Aires
A oposição peronista ao Governo de Milei derrotou no passado dia 7 de setembro o partido do Presidente, nas legislativas na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral.
A aliança da oposição peronista Fuerza Patria obteve mais de 47%, enquanto a La Libertad Avanza ficou com quase 34%. O principal rosto da vitória, a ex-Presidente Cristina Fernández (2007-2015) saiu à varanda de casa em Buenos Aires, onde cumpre prisão domiciliária, para saudar os apoiantes.
Milei reconheceu que o seu partido sofreu "uma derrota clara", que "tem de ser aceite", e prometeu fazer o possível para reverter estes resultados.
Na sequência desta derrota eleitoral, o autoproclamado "anarcocapitalista" enfrenta consideráveis obstáculos políticos e económicos enquanto se prepara para as decisivas eleições nacionais de meio de mandato, agendadas para outubro.
A província de Buenos Aires tem um peso eleitoral importante, uma vez que concentra 38,6% da população da Argentina.