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Centenas protestam por Kimmel e acusam dona da ABC de "cobardia" e de se "ajoelhar"

Manifestantes acusam o canal de "censura" e consideram que a suspensão do programa é um ataque à liberdade de expressão.

Protesto em frente aos estúdios do programa de Jimmy Kimmel
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Nas últimas horas, pelo menos dois protestos exigiram o regresso do programa de Jimmy Kimmel, suspenso pela Disney, dona da ABC, por tempo indeterminado após uma sátira do humorista à reação de Donald Trump à morte de Charlie Kirk.

Um dos protestos ocorreu em Hollywood, em frente ao El Capitan Entertainment Centre (Los Angeles), onde é gravado o programa, e o outro em Burbank, em frente aos escritórios da Disney, sede do canal ABC.

Em Hollywood, mais de uma centena de manifestantes ergueram cartazes com mensagens como "Não se ajoelhe diante de Trump" e "Resistam ao fascismo". A concentração bloqueou duas vias de trânsito numa área que é de grande movimento turístico.

Protesto em frente aos estúdios do programa de Jimmy Kimmel
Damian Dovarganes
Protesto em frente aos estúdios do programa de Jimmy Kimmel
Damian Dovarganes

Já na Disney, centenas de manifestantes condenaram o CEO Bob Iger e outros executivos por 'se ajoelharem' diante do governo de Trump. Através do logótipo do rato Mickey, os executivos foram acusados de serem "cobardes ['Cowards']" por terem tomado esta decisão.

Os manifestantes acusam o canal de censura e consideram que a suspensão do programa é um ataque à liberdade de expressão.

Protestos na Disney a favor de Jimmy Kimmel
Jae C. Hong
Protestos na Disney a favor de Jimmy Kimmel
Jae C. Hong
Protestos na Disney a favor de Jimmy Kimmel
Jae C. Hong

O famoso talk show "Jimmy Kimmel Live!" foi suspenso por tempo indeterminado após Jimmy Kimmel ter feito comentários sobre a reação de Trump à morte de Charlie Kirk, o ativista conservador que foi morto a tiro na passada quarta-feira enquanto discursava em na Universidade do Utah Valley.

O comediante norte-americano fez um monólogo no qual afirmava que os apoiantes MAGA (Make America Great Again), ligados a Donald Trump, estavam a tentar tirar proveito político do assassinato de Charlie Kirk.

"O gangue MAGA ['Make America Great Again', movimento que apoia Trump] tentou desesperadamente caracterizar o tipo [Tyler Robinson] que assassinou Charlie Kirk como qualquer coisa que não um deles, fazendo tudo o que podia para obter ganhos políticos", disse o humorista.

Entre as acusações, afirmou Kimmel, houve luto e ironizou: "Na sexta-feira, a Casa Branca colocou as bandeiras a meia haste, o que gerou algumas críticas, mas, a nível humano, é visível o quanto o Presidente está comovido."

Depois de dizer isto, foram transmitidas imagens de Trump a falar aos jornalistas. Questionado sobre como está a lidar com a morte de Kirk, o presidente dos EUA respondeU "muito bem", passando imediatamente a falar da construção do novo salão de baile na Casa Branca.

Apresentador Jimmy Kimmel.
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Andrew Alford, presidente da divisão de radiodifusão da Nexstar, afirmou que os comentários de Jimmy Kimmel sobre a morte de Charlie Kirk foram "ofensivos e insensíveis", sobretudo num momento crítico do discurso político nacional.

Trump recusa censura e diz que Kimmel "tinha más audiências"

Já Donald Trump rejeitou qualquer acusação de censura e disse que o apresentador de televisão Jimmy Kimmel foi suspenso "porque tinha más audiências" e não por ação sua.

"Jimmy Kimmel foi despedido porque tinha más audiências, mais do que qualquer outra coisa, e disse uma coisa horrível sobre um grande cavalheiro conhecido como Charlie Kirk", afirmou Trump, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, no final de uma visita oficial ao Reino Unido.

Para Trump, "Jimmy Kimmel não é uma pessoa talentosa, tinha audiências muito más e já o deviam ter despedido há muito tempo". 

"Pode-se chamar liberdade de expressão ou não. Ele foi despedido por falta de talento", acrescentou. 

O presidente classificou ainda como uma "boa notícia" a suspensão do programa e parabenizou a ABC por "finalmente ter tido coragem".

Não é o primeiro humorista a ser 'cancelado' por críticas a Trump

Em julho, a CBS anunciou o fim do "Late Show with Stephen Colbert", um dos programas noturnos mais vistos da televisão norte-americana, justificando a decisão com questões "financeiras".

O programa em que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, era frequentemente alvo de sátira termina ao fim de 10 anos, mas ainda permanecerá 'no ar' com novos episódios até maio de 2026. Stephen Colbert, forte crítico da governação de Trump, não será substituído uma vez que o programa será retirado do ar em definitivo.