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Coreia do Norte terá urânio para construir 100 bombas nucleares

Em setembro do ano passado, Pyongyang revelou, pela primeira vez publicamente, a existência de uma instalação de enriquecimento de urânio. Suspeita-se que parte da capacidade de enriquecimento esteja concentrada no complexo nuclear de Yongbyon e num local secreto em Kangson, perto da capital norte-coreana.

Kim Jong Un
Kim Jong Un
Alexander Kazakov

A Coreia do Sul afirmou, esta quinta-feira. que a vizinha do Norte pode ter até 2.000 quilogramas de urânio altamente enriquecido, suficiente para fabricar uma centena de armas nucleares, complicando a desnuclearização pretendida por Washington e Seul.

"De acordo com estimativas de especialistas como a Federação de Cientistas Americanos (FAS), (a Coreia do Norte) possui atualmente cerca de 2.000 quilogramas de urânio altamente enriquecido, o que representa mais de 90% das suas reservas", afirmou o Ministério da Unificação sul-coreano, após uma sessão informativa do titular da pasta, Chung Dong-young.

Uma arma nuclear requer aproximadamente 20 quilogramas de urânio altamente enriquecido (HEU, na sigla em inglês), pelo que a quantidade citada equivaleria à matéria-prima necessária para construir até 100 dispositivos.

Esta estimativa coincide, em termos gerais, com a realizada pela FAS, que num relatório de 2024 calculou que a Coreia do Norte poderá ter produzido material físsil suficiente para cerca de 90 armas, e que provavelmente terá montado cerca de 50.

O ministro sul-coreano assinalou que, atualmente, as de urânio "funcionam em quatro locais" para acumular materiais nucleares, insistindo que este programa deve ser interrompido.

Instalação de enriquecimento de urânio

Em setembro do ano passado, Pyongyang revelou, pela primeira vez publicamente, a existência de uma instalação de enriquecimento de urânio. Suspeita-se que parte da capacidade de enriquecimento esteja concentrada no complexo nuclear de Yongbyon e num local secreto em Kangson, perto da capital norte-coreana.

Chung também disse que a retoma das conversações entre Pyongyang e Washington seria fundamental para uma potencial desnuclearização, no contexto de expetativas de um eventual encontro entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante a cimeira da APEC na Coreia do Sul, no final de outubro.

O programa de enriquecimento foi um dos fatores que afetou as negociações fracassadas de desnuclearização com Washington em 2019, em Hanói.

Acredita-se que a Coreia do Norte se recusou na altura a entregar as instalações em troca do levantamento de sanções.

O último teste nuclear realizado pela Coreia do Norte foi em 2017.