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Autarcas reforçam suspeitas de corrupção que derrubaram um ministro no Brasil

Milton Ribeiro deixou o Governo brasileiro depois de media locais terem denunciado que parte do orçamento do seu gabinete era destinado a líderes evangélicos.

Autarcas reforçam suspeitas de corrupção que derrubaram um ministro no Brasil

Três prefeitos reforçaram suspeitas de corrupção, perante uma comissão do Senado brasileiro, num esquema alegadamente operado no Ministério da Educação por pastores evangélicos que, na semana passada, levaram à renúncia do ex-ministro Milton Ribeiro.

O agora ex-ministro, também pastor de uma igreja presbiteriana, deixou o Governo brasileiro depois de os ‘media’ locais terem denunciado que parte do orçamento do seu gabinete era destinado a líderes evangélicos que fazem parte da base de apoio ao Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

A denúncia foi ratificada na terça-feira perante a Comissão de Educação do Senado pelos prefeitos Gilberto Braga, José Manoel de Souza e Kelton Pinheiro, que governam, respetivamente, as pequenas cidades de Luís Domingues, Boa Esperança do Sul e Bonfinópolis.

Braga deu a declaração mais contundente e garantiu que para ter acesso aos recursos do Ministério da Educação para o seu município teve que lidar com um pastor supostamente enviado por Ribeiro, que exigia dinheiro e um quilo de ouro para processar a liberação de recursos públicos.

O prefeito brasileiro esclareceu que não aceitou o pedido de suborno e que, aparentemente devido a essa recusa, o município não recebeu o dinheiro orçado para a construção de duas creches e uma escola.

As suspeitas surgiram de denúncias do jornal brasileiro O Estado de S.Paulo sobre o funcionamento de um gabinete paralelo liderado por pastores e ganhou projeção nacional a partir de um áudio obtido pelo jornal Folha de S. Paulo em que Ribeiro comenta que os orçamentos do Ministério da Educação tinham entre suas prioridades os projetos promovidos por pastores de igrejas pentecostais ligados ao Governo.

“A minha prioridade é atender, primeiro, aos municípios que mais precisam, e segundo, aos amigos do pastor Gilmar”, disse Ribeiro, referindo-se a um líder religioso próximo a Bolsonaro, acrescentando que este tratamento especial foi pedido do Presidente da República.

Ribeiro negou mais tarde ter recebido pedido semelhante de Bolsonaro, que antes de sua renúncia defendeu enfaticamente o ministro, por quem disse que até colocaria “a cara no fogo.

“O assunto está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República e soma-se a outras suspeitas de corrupção no Ministério da Educação, que são analisadas pelo Tribunal de Contas (TCU), órgão fiscalizador dos gastos do Estado.

O TCU, aliás, ordenou a suspensão de um concurso marcado para esta terça-feira pelo Ministério da Educação para a compra de 3.850 autocarros para transportar alunos para as escolas públicas por suspeitas de superfaturamento e outras irregularidades no processo.