O ministro da Educação do Brasil, Milton Ribeiro, apresentou esta segunda-feira a sua exoneração na sequência de suspeitas de corrupção em favorecimento de pastores evangélicos na distribuição de recursos públicos.
Em Diário Oficial da União, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, aceitou a exoneração do ministro da Educação.
O escândalo assumiu uma nova dimensão na semana passada depois do jornal Folha de São Paulo ter divulgado um áudio no qual o ministro, que é também pastor presbiteriano, assegura que o orçamento da educação tem entre as suas prioridades a promoção de projetos destas igrejas evangélicas próximas do Governo.
“A minha prioridade é atender, em primeiro lugar, aos municípios que mais precisam e, em segundo lugar, atender a todos aqueles que são amigos do Pastor Gilmar”, disse Ribeiro na conversa gravada, na qual afirma que esta estratégia responde a “um pedido especial” que lhe foi dirigido pelo próprio “Presidente da República”.
Mais tarde, Ribeiro negou que Bolsonaro tivesse feito tal pedido, mas tanto o Ministério Público como o Supremo Tribunal consideraram as suspeitas como “sérias” e abriram uma investigação.
A sua situação agravou-se hoje de manhã quando pastores influentes da igreja evangélica, que detêm um enorme poder na base política de Bolsonaro, se juntaram à oposição para exigir a sua demissão.
Ribeiro tinha sucedido em julho de 2020 ao economista Carlos Alberto Decotelli, que esteve no cargo apenas cinco dias e se demitiu no meio de alegações de falsas representações no seu CV.
A demissão de Ribeiro já estava a ser especulada, coincidindo com a reforma do gabinete que Bolsonaro anunciará esta semana.
Segundo fontes próximas do partido no poder, apesar de defender Ribeiro, Bolsonaro decidiu aproveitar esta reforma para o demitir, a fim de minimizar o impacto de um alegado caso de corrupção, numa altura em que o Presidente se prepara para procurar a reeleição.
Ministro brasileiro nega corrupção mas sai para haver investigação isenta
O ministro da Educação defendeu-se das acusações de corrupção em favorecimento de pastores evangélicos e frisou que só se demitiu porque quer uma “investigação completa e isenta”.
“Tenho a plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o Erário”, indicou, em comunicado, Milton Ribeiro.
Ainda assim, Milton Ribeiro acrescentou que decidiu solicitar a sua exoneração para que não haja qualquer incerteza sobre a sua conduta.
“Meu afastamento visa, mais do que tudo, deixar claro que quero uma investigação completa e isenta”, frisou.