A ofensiva russa em grande escala ao leste e sul da Ucrânia é “o mais cruel possível” para que resulte “em qualquer tipo de vitória” para os propagandistas, alertou esta quarta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano considerou que as batalhas por Mariupol, Kharkiv, Mykolaiv e outras cidades do leste e sul “decidem o destino do povo ucraniano e a sua liberdade”.
“A situação no leste e no sul do país continua extremamente cruel. Os ocupantes não deixarão de fora nenhuma tentativa, na sua ofensiva em larga escala, para obter qualquer tipo de vitória que possam alimentar os seus propagandistas”, realçou Zelensky na sua habitual mensagem de vídeo divulgada esta quarta-feira à noite.
Zelensky acrescentou que o seu governo está a trabalhar “24 horas por dia, 7 dias por semana” para que os países ocidentais agilizem os envios de armas.
“[Estou] muito feliz em dizer, com otimismo cauteloso, que os nossos parceiros começaram a entender melhor as nossas necessidades”, acrescentou.
“Estamos abertos a qualquer formato de diálogo”
O Presidente ucraniano concretizou que a ajuda está a chegar agora “não em semanas, nem em um mês, mas rapidamente, num momento em que a Rússia procura concretizar a sua ofensiva”.
Volodymyr Zelensky já tinha reiterado esta quarta-feira a disponibilidade para dialogar “até ao fim da guerra” com a Rússia, depois de Moscovo dizer que o sucesso das negociações de paz dependerá de Kiev aceitar as suas exigências.
“Estamos abertos a qualquer formato de diálogo. Quer eu goste ou não, estou pronto para falar. Estive nos últimos três anos e continuo pronto, até ao fim da guerra, para dialogar com a Federação Russa e o seu Presidente”, disse Zelensky numa conferência de imprensa ao lado do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que visitou a Ucrânia.
Zelensky respondeu ao chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, que declarou esta quarta-feira, numa conversa telefónica com o seu homólogo turco, Mevlüt Cavusoglu, que os resultados das conversações de paz dependerão da vontade de Kiev de ter em conta as exigências de Moscovo.
“Devem ser os nossos últimos dias de vida”: comandante de Mariupol deixa um apelo
Os últimos combatentes ucranianos de Mariupol recusaram um novo ultimato russo para a rendição.
Mas no reduto da resistência, na siderurgia AzovStal, a situação é considerada cada vez mais desesperada. Um dos comandantes admite já que lhe restam apenas dias ou só horas de vida.
Os Tupolev TU-22 largaram já esta semana toneladas de bombas sobre a AzovStal. Foram ataques para quebrar a última bolsa de resistência e forçar a conquista dos túneis construídos para resistir a uma guerra nuclear.
No Facebook, o comandante dos fuzileiros ucranianos revelou o desespero já vivido entre os resistentes:
“Este talvez seja o último apelo das nossas vidas. Devem ser os nossos últimos dias, senão mesmo horas de vida. O inimigo está em superioridade numérica de 10 para 1. Têm vantagem no ar, na artilharia, nas forças terrestres, no equipamento e nos blindados”.
O comandante faz ainda um pedido especial para os 500 militares feridos que agonizam numa das caves:
“Apelamos e suplicamos aos líderes mundiais para que nos ajudem”.
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