Esta segunda-feira foram conhecidas as conclusões do inquérito parcial realizado na sequência das “festas” em Downing Street que, alegadamente, violaram as restrições durante a pandemia covid-19 no Reino Unido. O inquérito aponta para “falhas graves” por parte do Governo britânico, mas perante tais conclusões, Boris Johnson sustenta que não se vai demitir e volta a pedir “desculpa”.
“Podem confiar em nós para cumprir o prometido”, afirma Boris Johnson, numa primeira reação às conclusões do inquérito parcial sobre as festa em Downing Street.
“Primeiro, quero pedir desculpas. Lamento muito pelas coisas que simplesmente não fizemos bem e lamento muito pela forma como este assunto foi tratado”, disse o primeiro-ministro numa declaração no Parlamento.
Perante as conclusões do inquérito, Boris Johnson promete agir já e avança que vai fazer alterações significativas.
“Eu percebi” indica, referindo-se às conclusões do inquérito e “vou resolvê-lo”, acrescentando que “é tempo de rever e reforçar os códigos de conduta”.
Na resposta, o líder do Partido Trabalhista, a principal força da oposição, Keir Starmer, reiterou o pedido para Johnson demitir-se, tal como fizeram líderes de outros partidos da oposição.
“Há evidências de violações graves e flagrantes do confinamento (…) Não há dúvida de que o primeiro-ministro está agora sujeito a uma investigação criminal”, vincou Starmer.
Numa primeira análise às conclusões do inquérito de 12 páginas, “os comportamentos (do Governo britânico) em determinados eventos que são difíceis de justificar” e que se tratam de “falhas graves”.
O inquérito aponta que os “eventos não deviam ter sido organizados e não deviam ter acontecido nos moldes que aconteceram”.
O relatório da funcionária pública Sue Gray, a quem foi confiada a realização do inquérito, era esperado na semana passada, mas a abertura de uma investigação criminal implicou que a informação sobre alguns eventos tenha sido reduzida a “referências mínimas” para não prejudicar o trabalho da polícia.
O relatório sobre o chamado partygate cobriu 16 “ajuntamentos” de assessores e membros do Executivo, nomeadamente festas de despedida de funcionários ou de celebração do Natal, dos quais apenas quatro não estão a ser investigados agora pela polícia.
O chamado partygate causou uma onda de indignação entre os britânicos, impedidos de se encontrar com amigos e familiares durante meses em 2020 e 2021, para conter a propagação da covid-19.
Johnson e aliados têm tentado desvalorizar o escândalo, que tem ocupado tempo e energia de um Governo com crises em várias frentes, nomeadamente na Ucrânia, a pandemia e o aumento do custo de vida.
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