O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou hoje o Ocidente de “piorar as coisas” entre a Rússia e a Ucrânia, e defendeu que a ex-chanceler alemã, Angela Merkel, teria encontrado uma solução para a crise.
“Digo-o abertamente: infelizmente, o Ocidente não ajudou na resolução do conflito até agora. Eles só pioraram as coisas”, disse Erdogan ao canal de TV CNN Turquia, no avião de regresso de Kiev, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Erdogan criticou em particular o Presidente dos Estados Unidos, dizendo que Joe Biden “tem sido incapaz de mostrar uma abordagem positiva neste processo até agora”.
Para Erdogan, apenas “Merkel poderia ter realmente conseguido uma solução”.
“Mas, além dela, não há neste momento nenhum líder. Não há necessidade de nomear os outros”, acrescentou.
Num encontro com o seu aliado ucraniano, o Presidente Volodymyr Zelensky, na quinta-feira, em Kiev, Erdogan renovou o convite para acolher “conversações bilaterais” entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia.
Erdogan também insistiu na “integridade territorial da Ucrânia e da Crimeia”, numa alusão à península ucraniana que a Rússia invadiu e anexou em 2014.
O líder turco disse ter recebido “uma resposta positiva de [Vladimir] Putin” ao seu convite para visitar a Turquia.
“Putin concordou com uma visita aquando do seu regresso da China. Temos de definir uma data”, disse. “Queremos organizar este encontro entre Putin e Zelensky ao mais alto nível”, acrescentou, segundo a AFP.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança.
Essas exigências incluem uma garantia de que a Ucrânia nunca será membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e que a Aliança retirará as suas tropas na Europa de Leste para posições anteriores a 1997.
Os EUA rejeitaram as exigências russas, mas deixaram a porta aberta para conversações sobre outras questões de segurança, como o destacamento de mísseis ou a limitação recíproca de exercícios militares.
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