Um drone subaquático com Inteligência Artificial está a ajudar a investigar a Grande Barreira de Coral. A enorme estrutura está a sofrer mais um episódio generalizado de branqueamento, de acordo com a agência de pesquisa marinha tropical da Austrália.
O drone, chamado Hydrus, permite ao Instituto Australiano de Ciências Marinhas (AIMS) realizar pesquisas mais precisas e regulares sobre os impactos das mudanças climáticas no recife.
“Fazemos regularmente inspeções para compreender o estado dos ecossistemas marinhos tropicais da Austrália. Normalmente, isso é feito com equipas de mergulho. No entanto, as equipas de mergulho só podem ver até certo ponto e ir até certo ponto”, explica Melanie Olsen, responsável pelo programa Reef Works.
Assim, decidiram investir e melhorar o método de pesquisa, incluindo a utilização de robótica.
Robô submarino autónomo Hydrus
Hydrus é um robô que opera de forma totalmente autónoma, sem acesso à Internet ou GPS. Tem um alcance de 9 km em profundidades até 3.000 metros durante 3 horas e pode registar vídeo em 4K enquanto o analisa ao mesmo tempo. Possui modem acústico, sonar frontal e navegação alimentada por IA.
"E o que é necessário fazer para tornar um robô verdadeiramente autónomo para trabalhar debaixo de água é preciso começar com um sistema de navegação muito, muito avançado para que o robô saiba onde está e possa executar as tarefas que lhe foram atribuídas", explica Peter Baker, diretor de produto da Advanced Navigation’s Subsea.
A tecnologia está a ser usada pela AIMS para construir mapas 3D do recife que podem ser usados para monitorizar a mais pequena mudança no recife, seja crescimento ou degradação.
Hydrus usa fotogrametria para criar modelos digitais 3D de uma área ou estrutura, construindo camadas de imagens 2D.
Os dados poderão eventualmente criar um gémeo digital completo do recife, permitindo aos cientistas ver em detalhe como as alterações climáticas o estão a afetar.
“Estamos no meio de outro evento de branqueamento em massa de corais neste momento, o que significa que a Grande Barreira de Coral está ameaçada pelas alterações climáticas e é por isso que a AIMS está a investir fortemente na tentativa de expandir os nossos sistemas de monitorização para podermos recolher os dados de que os decisores necessitam para serem informados", disse Olsen.
Seis eventos de branqueamento desde 1998
Com cerca de 2.300 km, a Grande Barreira de Colar estende-se ao longo da costa nordeste da Austrália. Desde 1998, já sofreu seis eventos de branqueamento localizados.
O branqueamento é desencadeado pelas águas oceânicas mais quentes, que fazem com que os corais expulsem as algas coloridas que vivem nos seus tecidos e fiquem brancos. Um coral branqueado pode recuperar se as águas arrefecerem, mas se a temperatura do oceano permanecer elevada durante períodos mais longos, ele morrerá.
Os cientistas receiam que muitos recifes de coral morram este ano, após meses de calor recorde nos oceanos, alimentado pelas alterações climáticas provocadas pelos combustíveis fósseis e pelo padrão climático El Niño.
Enquanto os cientistas testam a resiliência das espécies de corais, as comunidades locais realizam projetos de recuperação de recifes para aumentar a sensibilização do público. Mas à medida que as temperaturas globais continuam a subir, estes esforços nada podem fazer para impedir a morte dos corais em águas quentes.
Os cientistas dizem que o mundo poderá perder até 90% dos seus corais até 2050.