Olhares pelo Mundo

Criar viveiros de corais, uma estratégia para salvar os recifes da ameaça ambiental

Uma instrutora de mergulho está a desenvolver um projeto para proteger a diversificada população de corais de Bauan, nas Filipinas.

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Carmela Sevilla encontrou há 19 anos o local perfeito para um resort na cidade costeira de Bauan, nas Filipinas. Além da criação do negócio, a instrutora de mergulho sempre teve em mente ajudar a preservar a abundante população de recifes de coral, uma das principais atrações locais.

A diversificada população de corais de Bauan tem sofrido frequentemente com calamidades naturais, como tufões, e danos provocados pelo homem, como os resíduos plásticos e a pesca com dinamite. Fatores que afetam o ecossistema local e a indústria do turismo.

Em 2020, partes da província circundante de Batangas sofreram um branqueamento em massa de corais, que afetou cerca de 72 quilómetros da costa, de acordo com o Reef Watch Filipinas.

Carmela Sevilla receia que o mesmo possa acontecer na zona de Bauan, por isso decidiu avançar com o projeto de preservação dos recifes.

Elaborou um plano para começar a plantar viveiros de corais. Para isso, recorreu à ajuda de especialistas e convidou mergulhadores interessados ​​a aprenderem sobre a conservação de corais e começarem a trabalhar no projeto.

A instrutora de mergulho sabe que o viveiro não conseguirá evitará as alterações climáticas, mas espera salvar pelo menos uma pequena parte dos corais.

"O objetivo não é fazer grandes alterações, ser capaz de travar as alterações climáticas ou ser capaz de realmente criar um enorme impacto na conservação. Tudo o que cria uma influência sempre começou pequeno. Por isso, penso que pequenos esforços são o que fará a diferença porque ao longo do tempo, aumenta lentamente e é algo que pode durar e ajuda a criar um impacto nas pessoas", disse Sevilla, em entrevista à agência Reuters.

Sevilla e a sua equipa recolheram até agora apenas 64 pedaços de corais danificados para o viveiro e planeiam expandir esse número.

Embora ainda esteja numa fase experimental e a taxa real de crescimento dos corais salvos seja muito lenta (apenas um ou dois centímetros por ano), Sevilla e a sua equipa vão replantar os corais resgatados na natureza após a sua recuperação, um processo que pode levar anos.

"Os viveiros, quando forem criados, terão diferentes tipos de corais, têm uma seleção de corais e são monitorizados de perto. Por isso, irão realmente ajudar os cientistas a ver quais os corais que são mais resistentes às alterações climáticas e, portanto, serão capaz de criar recomendações para propagar esses tipos de corais," explicou a instrutora de mergulho.

As Filipinas ficam no triângulo dos corais e abrigam mais de 600 tipos de corais e 2.000 espécies de peixes, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza.