O Museu Field de História Natural de Chicago está a usar tecnologia de tomografia computorizada (TAC) para desvendar segredos escondidos em múmias antigas, sem interferir nos seus frágeis envolvimentos funerários.
Durante quatro dias deste verão, um scanner móvel esteve à entrada do museu para examinar 26 múmias da coleção. Esta abordagem permitiu aos investigadores recolher detalhes sobre a vida e a identidade destas figuras, respeitando a preservação dos corpos e dos objetos que as acompanhavam para a eternidade.
Entre as múmias mais intrigantes está Lady Chenet-aa, cujos restos remontam ao antigo Egito (1070–664 a.C.). O seu sarcófago de cartonagem era um enigma: não havia abertura visível para a entrada do corpo.
As novas tomografias revelaram uma linha fina nas costas do sarcófago, sugerindo que a cartonagem foi cortada e depois selada, permitindo que o corpo fosse colocado no seu interior.
Outro caso curioso é o de Harwa, um guarda egípcio de há 3.000 anos, conhecido como a primeira múmia a voar num avião, em 1939, e a primeira a perder-se na bagagem quando foi enviada por engano para São Francisco nos anos 1940.
As tomografias mostram que Harwa viveu até uma idade avançada para a época, cerca dos 40 anos, e os seus dentes saudáveis indicam uma vida estável, associada a uma posição social elevada.
O museu descreve esta abordagem como um “método mais respeitoso” de estudar as múmias, valorizando-as como pessoas que merecem dignidade.
“As múmias oferecem-nos um olhar pessoal sobre vidas de há mais de 3.000 anos”, refere o comunicado.
Stacy Drake, gestora da coleção de restos humanos do museu, salienta que este estudo permite explorar a história de forma única:
“É raro poder estudar a história da perspectiva de um único indivíduo, e este é um excelente modo de entender quem eram estas pessoas e não apenas as coisas que fizeram.”
O Museu Field planeia continuar com estes exames até 2025, prometendo novas revelações sobre as múmias na sua vasta coleção de 24 milhões de objetos.