Os tibetanos referem-se a esta prática secular de manutenção do Palácio de Potala como pintar o "muro doce". A expressão tem origem na fórmula de tinta com três séculos de existência, que inclui açúcar, leite, mel, cal branca e açafrão cultivado localmente. Os vários ingredientes, ao aumentarem a aderência da tinta, proporcionam melhor proteção deste Património Mundial da UNESCO e também contribuem para que o ambiente fique com um aroma mais doce.
À medida que os trabalhos avançavam, o Palácio de Potala transformava-se num animado ponto de encontro comunitário. Os participantes ficam com as roupas salpicadas de tinta branca, como se vestissem trajes festivos.
O esforço de preservação estende-se para além das paredes do palácio, com famílias de toda a cidade antiga de Lassa a caiar simultaneamente as suas casas.
A reportagem da agência Reuters acompanhou os trabalhos realizados durante este mês de maio e as imagens mostram o elaborado e bem articulado labor de uma comunidade, que garante a excelente preservação do monumento.
O ritual que deve ser concluído antes do festival budista tibetano de Lhabab Duchen, reúne trabalhadores profissionais, que pintam as paredes exteriores suspensos a centenas de metros do chão, e também voluntários, que asseguram um fornecimento contínuo de tinta.
As oficinas de lacticínios em Lassa ganham uma nova vida nesta época do ano. Khamkyid e o marido, Gonpo Tashi, são dois dos produtores de leite que transformam em materiais destinados à proteção do palácio.
Palácio de Potala, antiga residência do Dalai Lama
O Palácio de Potala, construído originalmente no século VII, é um símbolo da história, cultura e arte tibetanas. Guarda cerca de 40.000 coleções de livros e documentos antigos em várias línguas.
Ao longo dos anos, a China tem investido no restauro do Palácio com vários projetos de reparação, mas este trabalho comunitário que é realizado anualmente tem sido o garante da preservação do monumento.
O Palácio de Potala foi a principal residência do líder espiritual do Tibete até à fuga do 14.º Dalai Lama para Dharamsala, na Índia, após uma revolta falhada em 1959. Atualmente é um museu estatal da China.