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Organizações fazem recomendações para travar aumento de consumo de drogas injetáveis

Organizações que trabalham na área das drogas,  VIH e Hepatite C vão entregar, no final do mês, às autoridades de saúde  um documento com várias recomendações para "conter e reverter" o aumento  do consumo de drogas injetáveis em Portugal. 

(Arquivo Reuters)
© Morteza Nikoubazl / Reuters

O anúncio foi feito hoje pelo GAT -- Grupo Português Ativistas Tratamentos  VIG/Sida no seminário "Perfil Europeu dos Técnicos de Redução de Riscos",  que terminou hoje no Porto e envolveu 11 organizações de países europeus.

"Todos os participantes puseram em cima da mesa que, a nível europeu,  há uma enorme crise social e económica, que atinge de maneira diferente  uma série de países, e existem sinais, em muitos casos já documentados,  de que o fenómeno do consumo problemático de drogas voltou a aumentar",  disse à agência Lusa o presidente do GAT. 

"Ao mesmo tempo estão a desaparecer  (em Portugal), por falta de financiamento  e de sustentabilidade, algumas respostas e alguns serviços que eram essenciais  para evitar uma explosão nas áreas das hepatites, tuberculose e VIH/Sida",  advertiu Luís Mendão. 

Para "conter e reverter esta situação", várias organizações decidiram  elaborar um documento que pretende ser um contributo para o próximo plano  de ação do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências  (SICAD).  

O documento contém várias recomendações que vão incidir "sobre a prevenção  baseada no conhecimento, o respeito pelo direito das pessoas, a sustentabilidade  das respostas" e o acesso ao tratamento para a adição e para doenças infeciosas  como o VIH e a Hepatite, avançou o responsável. 

O documento defende ainda o acesso a testes, meios de diagnóstico, seringas  e material de consumo estéril para diminuir o risco de contrair doenças  infeciosas e ao tratamento para a adição e para doenças infeciosas, como  o VIH e a hepatite.  

O documento será entregueáao Ministério da Saúde, ao SICAD, ao diretor  do Plano VIH/Sida, António Diniz, e à Comissão Parlamentar de Saúde.  

As associações responsáveis pelo documento são o GAT, a Agência Piaget  para o desenvolvimento (APDES) e a associação CASO - Consumidores Associados  Sobrevivem Organizados.  

"Queremos dar uma contribuição decisiva" nesta área e, para isso, as  associações pretendem que o documento reúna o "consenso junto de várias  organizações da sociedade civil", adiantou Luís Mendão. 

As organizações pretendem também que o documento seja subscrito por  "uma série de personalidades e especialistas" para "reforçar a necessidade  de haver alguns compromissos claros para reverter uma situação que pode  ser tremendamente problemática", adiantou.  

Segundo o SICAD, o número de pessoas que recaíram no consumo de heroína  quase triplicou nos últimos três anos, devido à crise que o país atravessa.

"O fenómeno é determinado pelas condições sociais e dinâmicas sociais  numa situação de crise", disse Luís Mendão. 

Contudo, advertiu, "o facto de algumas respostas estarem a desaparecer  contribui para que este fenómeno tenha repercussões a nível de saúde e a  nível epidemiológico mais graves do que teria numa situação normal, em que  as pessoas têm acesso às seringas, ao tratamento e a rastreios". 

Lusa