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Alegações finais do julgamento do caso BCP arrancam esta semana

As alegações finais do julgamento do BCP, que  começou há um ano, arrancam esta semana nas Varas Criminais, em Lisboa,  com o fundador do banco Jardim Gonçalves e três outros antigos administradores  sentados no banco dos réus. 

Jose Sena Goulao

Apesar de as alegações finais estarem inicialmente previstas para começarem  segunda-feira, 09 de setembro, nesse dia ainda serão repetidos os depoimentos  de Carlos Lopes e João Duque, que ficaram  mal gravados. Carlos Lopes é  ouvido enquanto técnico do Banco de Portugal e João Duque (presidente do  Instituto Superior de Economia e Gestão) na qualidade de perito. 

Assim, será na terça-feira que começam as alegações finais no Campus  de Justiça de Lisboa, com o Ministério Público a apresentar os argumentos  para que o tribunal declare culpados Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal, ex-presidentes  do BCP, e dois ex-administradores Filipe Pinhal e Christopher de Beck. 

As alegações finais do Ministério Público e dos advogados dos arguidos  deverão decorrer até 16 de setembro quando cessa a exclusividade do coletivo  de juízes presidido por Anabela Morais. 

Neste julgamento, o Ministério Público acusa os quatro responsáveis  do BCP dos crimes de manipulação de mercado e falsificação de documentos  por factos praticados entre 1999 e 2007. 

A discussão decorreu em torno das 17 sociedades 'offshore', sediadas  nas Ilhas Caimão, constituídas pelo BCP, para influenciar os valores de  mercado das ações do banco e o 'rating'  avaliação dos títulos do BCP.

A falsificação de contabilidade do banco para ocultar perdas também  esteve em discussão. 

Os arguidos defendem que o que aconteceu foi uma "tomada de assalto"  ao BCP, deixando implícito que se tratou de um processo político com o objetivo  de afastar a equipa de gestão que liderava o banco. 

Além do processo-crime, o caso BCP motivou ainda outros dois julgamentos,  depois de ex-administradores e gestores do banco terem recorrido para tribunal  das coimas impostas pelo Banco de Portugal e pela Comissão do Mercado de  Valores Mobiliários (CMVM). 

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Pequena Instância Criminal deu como  provadas as acusações da CMVM a nove ex-gestores por prestação de informação  falsa ao mercado entre 2002 e 2007. Jorge Jardim Gonçalves foi condenando  a pagar uma coima única de um milhão de euros e viu também confirmada a  inibição de desempenhar cargos no setor financeiro durante cinco anos. 

O processo está agora em recurso no Tribunal da Relação de Lisboa. 

Já o julgamento de recurso das multas aplicadas pelo Banco de Portugal  será retomado, apesar de ainda não haver uma data para isso. 

Isto acontece depois de o Tribunal da Relação ter mandado seguir o julgamento  e de o Tribunal Constitucional não ter entendido da inconstitucionalidade  das questões levantadas pelos advogados dos arguidos, nomeadamente da violação  de sigilo bancário por parte de Joe Berardo quando apresentou documentos  alegadamente incriminatórios no Banco de Portugal.