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Ucranianos manifestam-se em Lisboa pela assinatura de acordo com a União Europeia

Quatro dezenas de ucranianos manifestaram-se  hoje em Lisboa em solidariedade com os protestos que se realizam há quatro  dias consecutivos na Ucrânia para exigir ao governo a assinatura do acordo  de associação com a União Europeia.  

MIGUEL A. LOPES
MIGUEL A. LOPES
MIGUEL A. LOPES
(Lusa/arquivo)
Miguel A.Lopes

O governo ucraniano anunciou há uma semana a suspensão dos preparativos  para a assinatura de um acordo de associação com a UE, primeiro passo para  uma futura adesão, e o reforço das negociações com a Rússia para vir a integrar  uma união aduaneira com outras ex-repúblicas soviéticas.  

Membros da segunda maior comunidade de imigrantes em Portugal, os ucranianos  manifestaram-se em frente da embaixada da Ucrânia, em Lisboa, com bandeiras  do seu país e da União Europeia.  

Nos cartazes que exibiam liam-se mensagens para o presidente ucraniano  como "Ianukovitch não vires as costas ao povo ucraniano", "Somos europeus",  "Ianukovitch não destruas o nosso futuro" ou "O povo ucraniano escolheu  a União Europeia". "Antes de tudo estamos cá para apoiar a maioria do povo ucraniano, que  está nas principais praças das principais cidades ucranianas, dia e noite,  para dizer ao presidente (Viktor) Ianukovitch para assinar o acordo", disse  à Lusa Pavlo Sadokha, presidente de uma das associações de ucranianos em  Portugal. 

"Vivemos há mais de 12 anos num país europeu, num país onde a lei e  a Constituição estão acima de tudo, e também queremos dar a mensagem ao  presidente Ianukovitch de que apoiamos a decisão do povo ucraniano de entrar  na UE", acrescentou.  

Pavlo Sadokha diz não conseguir prever se os protestos vão levar Ianukovitch  a ceder e a assinar o acordo na Cimeira a decorrer em Vilnius -- porque  "ele já mostrou que é imprevisível" -, mas se não assinar, assegura, os  protestos vão continuar, apesar de já haver "uma pressão muito forte" e  "uma ameaça" aos manifestantes. "Se o presidente não assinar, nós não vamos parar. Há pouco tempo falei  com pessoas que estão na Praça da Independência, em Kiev, e eles dizem que  vão continuar, mas já com outras exigências, como a impugnação do presidente  e a saída do governo", disse. 

Aline Hall de Beuvink, filha de mãe ucraniana e pai português, também  defendeu que a aproximação da Ucrânia à UE "ajuda a democratizar" o país  e disse ter sido para ela "uma grande surpresa" a decisão de "virar costas  ao acordo e à UE" e "caminhar para um bloco que é quase como uma nova cortina  de ferro". 

Aline, que é membro do Partido Popular Monárquico e foi deputada à assembleia  municipal de Lisboa na passada legislatura, sublinha que esta decisão não  pode ser separada do caso da ex-primeira-ministra Iulia Timochenko, na prisão,  e cuja libertação foi exigida pela UE para avançar nas negociações com a  Ucrânia. 

"Acho que é um escândalo virar as costas à Europa e juntar-se à Rússia,  ignorando completamente o estado de Timochenko, que teve um julgamento muito  suspeito, é uma presa política e está em condições de saúde precárias, e  portanto acho que isto é um atentado aos direitos humanos". 

     

Lusa