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Autarca solicita à PGR investigação às decisões da Empordef e administração sobre Estaleiros navais

O presidente da Câmara de Viana do Castelo anunciou hoje que vai pedir à Procuradoria-Geral da República uma nova investigação sobre os estaleiros navais, desta vez às alegadas "ações de transparência duvidosa" da Empordef e da administração de empresa.

Lusa (Arquivo)
ARMÉNIO BELO

Em nota enviada à agência Lusa, o socialista José Maria Costa justificou  este pedido com "informações disponíveis" que apontam, durante o processo  de privatização e subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo  (ENVC), para "indícios de gestão danosa de dinheiros públicos e ações de  transparência duvidosa". 

Neste contexto, afirma, a autarquia vai avançar para a PGR com uma "participação  contra a Empordef" - Empresa Portuguesa de Defesa, holding pública que detém  a totalidade do capital social dos estaleiros -, sobre a situação atual  da empresa. 

Acrescentou que essa participação será "alargada à administração dos  ENVC desde 2011 a 2013", liderada neste período por Jorge Camões, mas mantendo  três administradores executivos nomeados pelo governo anterior. 

A Empordef já garantiu, anteriormente, a "total transparência" deste  processo e o Ministério da Defesa Nacional anunciou a entrega na PGR de  toda a documentação relativa ao concurso da subconcessão. 

"Está em causa a conduta pouco clara da venda de materiais dos ENVC  e aquisições para a construção dos navios asfalteiros. Será pedida investigação  aprofundada à Empordef e à administração sobre a decisão de anulação dos  contratos para a construção dos navios-patrulhas para a Marinha  1/8encomenda  de 400 milhões de euros anulada em 2012 3/8, sem acautelar os equipamentos  adquiridos e o valor dos contratos, ou qualquer contrapartida para os ENVC",  afirma. 

O presidente da Câmara de Viana do Castelo tinha já apresentado duas  participações na Procuradoria-Geral da República (PGR), em abril e dezembro,  denunciando a "nebulosidade" que diz ter existido no processo de reprivatização  e depois de subconcessão dos estaleiros. 

O mesmo dossiê, apontando várias dúvidas sobre este negócio, foi entregue  à Provedoria de Justiça, que, à semelhança da PGR, abriu uma investigação.

"Face às recentes informações obtidas, a autarquia apresentará à PGR  e na Provedoria de Justiça todos os dados recolhidos, bem como informação  relativa às contrapartidas dos submarinos e das sobreavaliações da 'sucata'  adquirida à Alemanha, que está a apodrecer nos ENVC", acrescentou. 

Num encontro com jornalistas, realizado a 16 de dezembro, o presidente  da Empordef classificou como "ruinosa" a anterior gestão dos ENVC. 

"Chegámos a uma fase em que temos de explicar aos portugueses porque  é que isto estava assim. O erário público foi contributivo em relação a  uma situação de gestão que eu classifico de ruinosa", afirmou Rui Vicente  Ferreira, admitindo que a solução da subconcessão dos estaleiros à Martifer  "não é perfeita mas é a possível". 

Além disso, frisou que nos ENVC não houve nenhum concurso público para  a compra de matérias-primas e equipamento até 2011, nomeadamente "dezenas  de milhões de euros" para a aquisição de aço, sugerindo que "provavelmente  não se respeitou o código das compras públicas". 

"Alguém deve explicar ao país por que é que o aço foi adquirido e explicar  as causas", afirmou, na ocasião.