País

Menos 42 trabalhadores nos Estaleiros de Viana após paragem do Natal

Menos de 570 trabalhadores regressam quinta-feira aos estaleiros de Viana, após a paragem de Natal, número que  inclui as 42 saídas amigáveis dos últimos dias e que antecedem algumas dezenas  que também já o aceitaram fazer. 

Fonte da administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC)  explicou hoje à agência Lusa que já aderiram ao plano social para rescisão  amigável dos contratos 42 trabalhadores, recebendo indemnizações superiores  a três milhões de euros. 

Algumas dezenas que também já aceitaram as indemnizações propostas deverão  assinar os respetivos acordos de rescisão nos próximos dias, indicou a mesma  fonte. 

O anunciado encerramento dos ENVC prevê o despedimento dos 609 funcionários  e a subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos ao grupo Martifer.

Embora praticamente sem atividade, os trabalhadores regressam pelas  08:00 de quinta-feira os ENVC, depois da habitual paragem do período de  Natal.  

O dia ficará contudo marcado por várias reuniões setoriais agendadas  para o período da manhã e a partir das 15:30 reúnem-se em plenário geral  de trabalhadores, para analisar o momento da empresa e decidir eventuais  formas de contestação ao encerramento. 

Fonte sindical confirmou à agência Lusa que o secretário-geral da CGTP,  Arménio Carlos, estará presente, a partir das 11:00, nestas reuniões, que  vão decorrer no interior dos ENVC até às 16:30. 

A 13 de dezembro, quando participou naquela que foi a maior manifestação  realizada em Viana do Castelo em defesa da viabilidade dos estaleiros, Arménio  Carlos tinha garantido que os trabalhadores iriam apresentar-se ao serviço  esta quinta-feira "para trabalhar", apesar de prevista para dia 07 a subconcessão  à West Sea (grupo Martifer). 

"Vão ver que no dia 02 de janeiro lá estarão estas centenas de trabalhadores  a entrarem tranquilamente, logo pela manhã, nos locais de trabalho, nos  estaleiros, para trabalhar e para produzir. A reafirmar que não vão baixar  os braços, que não querem subsídios, não querem indemnizações, querem trabalhar,  caramba", apontou Arménio Carlos. 

Criticou ainda o ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco,  por tentar "aliciar" os trabalhadores com um plano de rescisões amigáveis  que, além dos 42 que assinaram o acordo nos últimos dias, já foi aceite  por mais algumas dezenas de outros funcionários, indicou fonte da empresa.

Arménio Carlos diz "respeitar" a opinião pessoal de cada trabalhador,  mas sublinha que "a esmagadora maioria continua a defender os postos de  trabalho", pelo que o plano proposto "é um enormíssimo fracasso". 

O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão  dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado  uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional  que venceu. 

A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis, que  vai custar 30,1 milhões de euros e que prevê o acesso ao subsídio de desemprego  e à reforma. 

Em função da adesão a este plano, poderá ser lançado um despedimento  coletivo na empresa. 

      

Lusa