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Queda de forte granizo em Lisboa deveu-se a tempestade formada no Atlântico 

A forte queda de granizo da manhã de hoje na  região de Lisboa deveu-se a uma "estrutura supercelular", um tipo específico  de tempestade formada ainda no Oceano Atlântico, disse à agência Lusa a  meteorologista Madalena Rodrigues. 

PEDRO NUNES

"Estamos sob efeito de uma depressão centrada a oeste da Península Ibérica,  às quais estão associadas linhas com forte instabilidade", afirmou Madalena  Rodrigues. 

Segundo a meteorologista, o fenómeno da forte queda de granizo deveu-se  a "uma estrutura supercelular, que se começou a organizar ainda no Atlântico  e em deslocamento lento" chegou a Portugal Continental. 

Essa "supercélula", um tipo de tempestade que inclui uma corrente de  ar ascendente girando no interior da nuvem, chegou em primeiro lugar a Lisboa  e Setúbal e depois à zona do Algarve. 

"Esse movimento lento determinou o granizo observado. Esse granizo extensivamente  produzido deveu-se aos fortes movimentos verticais associados a supercélulas,  que não permitiram a formação de cristais de neve, mas potenciaram a formação  do gelo", acrescentou. 

A meteorologista precisou que se tratam de aguaceiros, que variam no  espaço e no tempo, e por isso a situação de queda de granizo pode ser diferente.

Madalena Rodrigues indicou, ainda, que a "tendência é para diminuírem  as condições de instabilidade". 

"Ainda pode ocorrer um aguaceiro ou outro, pontualmente de granizo e  acompanhado de trovoada, mas com uma tendência para diminuir ao longo da  tarde de hoje", disse à Lusa. 

As previsões indicam que estes aguaceiros podem continuar ainda no sábado  nas regiões do Sul. 

A forte queda de granizo, em Lisboa, fez multiplicar hoje os pedidos  de ajuda aos bombeiros e dificultou a circulação do trânsito em hora de  ponta, além de ter proporcionado um invulgar manto branco nas ruas. 

Entre as 08:30 e as 08:50, o Regimento dos Sapadores Bombeiros recebeu  11 pedidos de ajuda devido a inundações e nas estradas da zona de Benfica  também era visível o trabalho de funcionários camarários para libertar automóveis  do manto de gelo que se formou. 

Este cenário fora registado uma hora antes na Parede, concelho de Cascais.

Os bombeiros de Carnaxide, concelho de Oeiras, também tiveram trabalho  suplementar durante a manhã devido a inundações. Também Albarraque, Queluz  e Cacém, no concelho de Sintra, foram áreas afetadas pela queda de granizo,  sem que se tenham verificado estragos, de acordo com fonte da proteção civil  municipal. 

Nas zonas mais baixas da capital, as pequenas inundações foram a nota  dominante, com a PSP a indicar que a pior situação foi registada na confluência  entre as avenidas Gago Coutinho e Estados Unidos da América, onde a água  atingiu 50 centímetros de altura. 

Também no Campo Grande e Alameda das Linhas de Torres houve dificuldades  na circulação de trânsito e houve ainda registo de várias inundações em  Chelas. 

A forte chuva provocou alguns acidentes com motociclistas, nomeadamente  no túnel da avenida João XXI, na avenida João XXI, junto ao Estádio de Alvalade,  e outro junto à Escola Superior de Educação em Benfica, no sentido Benfica-Aeroporto.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) emitiu um alerta amarelo  para o continente entre as 00:00 de hoje e as 20:00 de sábado, devido à  previsão de precipitação, queda de neve, agitação marítima e vento forte.

Lusa