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Acórdão do processo das contrapartidas dos submarinos adiado para 14 de fevereiro

A leitura do acórdão do julgamento do processo submarinos/contrapartidas, que envolve 10 arguidos - três alemães e sete  portugueses - foi adiada para 14 de fevereiro, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo. 

O arguido Horst Weretecki, que foi vice-presidente da Man Ferrostaal, à chegada para o início do julgamento do caso das contrapartidas dos submarinos, no Campus de Justiça, em Lisboa, a 19 de novembro de 2012 (Lusa/ Arquivo)
MARIO CRUZ

A leitura do acórdão, pelo coletivo de juizes que é presidido por Judite  Fonseca, esteve inicialmente marcada para 29 de Janeiro. 

Nas alegações finais, realizadas a 13 de Novembro último, o Ministério  Público pediu para os 10 arguidos uma pena de prisão inferior a cinco anos,  eventualmente suspensa, pelos crimes de burla e falsificação de documentos.

O procurador Victor Pinto justificou o pedido de pena suspensa pela  falta de antecedentes criminais dos arguidos, sublinhando contudo que a  sanção a aplicar aos três arguidos alemães tem de ser mais pesada, dado  que foram os principais beneficiários do negócio das contrapartidas ligado  à aquisição por Portugal de dois submarinos à empresa alemã Man Ferrostal.

Victor Pinto impôs como condição para a aplicação de pena suspensa,  que os dez arguidos pagassem solidariamente ao Estado uma verba de 104 mil  euros. 

Nas alegações finais, o advogado Nuno Godinho de Matos pediu a absolvição  dos arguidos alemães ligados à Ferrostal, alegando que o MP não pode exigir  a condenação com base "em conjecturas" e mera interpretação dos factos.  Sublinhou ainda não estarem preenchidos os requisitos de crime de burla - o mecanismo enganoso e o consequente prejuízo causado. 

O advogado criticou ainda o facto de que a acusação deduzida pelo Departamento  Central de Investigação e Acção Penal tenha sido decalcada na perícia realizada  pela consultora Inteli, que, antes, trabalhou e foi paga pelo consórcio  alemão da Man Ferrostaal. 

João Perry da Câmara, defensor do empresário António Lavrador, referiu  que "o MP não produziu qualquer prova dos factos imputados aos arguidos",  e que foram os arguidos, com a prova produzida em julgamento, a fazerem  um "cabal esclarecimento de todas as dúvidas suscitadas pelo MP". 

Portugal contratualizou e consumou com o consórcio GSC (German Submarine  Consortium), que incluía a Man Ferrostaal, a compra de dois submarinos em  2004, por mil milhões de euros, quando Paulo Portas era ministro da Defesa  Nacional e Durão Barroso, primeiro-ministro. 

Segundo a acusação, o processo das contrapartidas lesou o Estado português  em mais de 30 milhões de euros. 

Entretanto, o processo-principal relativo à compra dos dois submarinos  (já batizados de Tridente e Arpão) permanece, há vários anos, em investigação  no DCIAP, sendo já um dos casos emblemáticos da morosidade da justiça portuguesa.

 

Lusa